Naquele mesmo dia contei a Conselho e a Ned Land a parte de minha conversa com o Capitão Nemo que interessava diretamente a eles.
Quando lhes disse que dentro de dois dias estaríamos em pleno Mediterrâneo, Conselho aplaudiu e o canadiano encolheu os ombros.
- Um túnel submarino! Uma comunicação entre os dois mares! Quem é que já ouviu falar disso? - perguntou ele, incrédulo.
- Meu caro Ned - disse-lhe Conselho - já tinha ouvido falar do “Nautilus”? Não. No entanto ele existe. Não encolha os ombros com tanta facilidade e não recuse as coisas por nunca ter ouvido falar delas.
- Veremos - retrucou Ned Land, abanando a cabeça. - Afinal de contas eu espero que essa passagem exista mesmo e que o capitão nos leve realmente para o Mediterrâneo.
Desinteressei-me de que a nossa conversa continuasse.
No dia seguinte, 10 de fevereiro, avistamos alguns navios e o “Nautilus” retomou a sua navegação submarina. Ao meio-dia o mar estava deserto e ele subiu à superfície.
Acompanhado por Ned Land e Conselho subi para a plataforma. Para leste, a costa mostrava-se como uma massa diluída num nevoeiro húmido. Apoiados no casco do bote conversávamos sobre diversos assuntos, quando Ned Land apontou para um ponto no mar e disse :
- Há qualquer coisa ali, professor.
- Não vejo nada, Ned. Mas reconheço que não tenho a sua visão.
- Olhe bem para ali, para estibordo, finais ou menos à altura do farol.
Não vê uma massa que parece mexer-se?
- De fato - falei, após uma observação mais atenta. - Vejo um corpo escuro à superfície das águas.
- Há baleias no Mar Vermelho? - perguntou meu criado.
- As vezes se encontram algumas - respondi.