Aquele brado, toda a tripulação se precipitou para o arpoador. A escuridão era total e, por muito bons que fossem os olhos do canadiano, eu me perguntava como e o que ele teria visto. Sentia o meu coração bater aceleradamente. Land não se havia enganado e todos viram o objeto, que ele apontava com a mão. Inclusive eu.
A cerca de quatrocentos metros da “Abraham Lincoln” e a estibordo, o mar parecia iluminado por baixo. Não era um simples fenômeno de fosforescência. Não havia engano. Do monstro, submerso a alguns metros da superfície, emanava aquele brilho intenso e inexplicável, mencionado em vários relatos de capitães que o tinham visto. O comandante havia mandado parar a fragata.
- Não passa de uma aglomeração de moléculas fosforescentes – opinou um dos oficiais.
- Não, senhor - repliquei, com convicção. - É um brilho de natureza essencialmente elétrica. Desloca-se. Move-se para a frente e para trás. Dirige-se para nós!
Um grito de muitas vozes fez-se ouvir na fragata.
- Silêncio! - ordenou o capitão. - Virar para barlavento a toda velocidade! - comandou, enérgico.
Os marinheiros correram para o leme e os maquinistas para a casa de máquinas. A “Abraham Lincoln” virou para bombordo e descreveu um semicírculo.
- O leme a direita! A todo vapor! - gritou o comandante.
Essas ordens foram executadas e a fragata afastou-se rapidamente do foco luminoso. Na verdade, ela tentou afastar-se, mas o enigmático animal aproximou-se com uma velocidade dupla da sua.
Todos a bordo não podíamos nem respirar. A estupefação, mais do que o medo, mantinha-nos mudos e imóveis.