No dia, seguinte acordei com a cabeça estranhamente aliviada. Para minha grande surpresa, encontrava-me rio meu quarto. Certamente os meus companheiros também tinham sido levados para a sua cabina enquanto dormiam. O que se teria passado durante aquela noite? Para desvendar esse mistério eu só podia contar com o acaso do futuro.
Saí do quarto, passei pelos corredores, subi a escada central e vi que os alçapões, fechados na véspera, estavam abertos. Subi à plataforma e encontrei Ned Land e Conselho. Tal como eu, nada tinham visto, nada sabiam.
Quanto ao “Nautilus”, tranquilo e misterioso como sempre, navegava à superfície a uma velocidade moderada. Nada parecia ter mudado a bordo. Resolvi voltar ao meu quarto para continuar as minhas anotações sobre aquela incrível viagem submarina.
Por volta das duas horas encontrava-me no salão quando o capitão abriu a porta e entrou. Cumprimentamo-nos. Reparei que ele tinha o rosto fatigado e a sua fisionomia exprimia uma profunda tristeza. Quando falou comigo foi para me perguntar se eu era médico. Diante de minha resposta afirmativa, ele me disse que um de seus homens estava doente. Perguntou-me se eu estaria disposto a tratar dele e, novamente, a minha resposta foi afirmativa. O Capitão Nemo conduziu-me imediatamente à ré do navio onde ficava o alojamento da tripulação. O homem não estava apenas doente, estava gravemente ferido e não demoraria a morrer.
Depois de examiná-lo demoradamente, eu disse ao capitão:
- Não há nada que eu possa fazer. Este homem morrerá dentro de duas horas.