Esse compartimento era o arsenal e o vestiário do “Nautilus”. Havia pelo menos uma dúzia de escafandros suspensos na parede. Ao vê-los,
Ned Land manifestou sua má vontade em vestir semelhante objeto.
- Mas, meu caro Ned - disse eu - vamos caçar em florestas submarinas!
- Não me meto dentro de uma coisa dessas, a não ser que me obriguem - declarou ele, perentório.
- Ninguém o forçará, mestre Ned - falou o capitão.
- Quanto a mim, sigo o professor por toda a parte - disse Conselho, o meu fiel criado.
O capitão chamou dois de seus homens e eles nos ajudaram a vestir aquelas pesadas roupas impermeáveis, feitas de borracha sem costura e preparadas para resistir a altas pressões.
O Capitão Nemo, um dos seus homens - uma espécie de Hércules que devia ter uma força prodigiosa - Conselho e eu, vestimos rapidamente os nossos escafandros. Apenas faltava metermos as cabeças nas esferas metálicas. Antes de proceder a esta operação, pedi ao capitão para examinar as espingardas que nos estavam destinadas. Um dos tripulantes apresentou-me uma delas.
- Capitão Nemo, esta arma é perfeita e de manejo fácil. Estou ansioso para experimentá-la. Como vamos até o fundo do mar?
- Neste momento, professor, o “Nautilus” está encalhado e por isso só nos resta partir.
Com a lanterna Ruhmkorff à cintura e a espingarda na mão, eu estava pronto para o passeio. Mas, aprisionado dentro daquelas roupas pesadas e colado ao chão pelos sapatos de chumbo, julguei ser impossível dar um passo. Contudo, esta dificuldade já devia estar prevista, porque senti que me empurravam para um pequeno compartimento, próximo ao vestiário, no qual fui seguido pelos meus companheiros.