Navegamos para oeste. No dia 11 de janeiro dobramos o Cabo Wessel, que forma a extremidade do Golfo da Carpentária. Os recifes ainda eram numerosos, mas mais espalhados e assinalados na carta com bastante precisão. O “Nautilus” evitou os escolhos de Money a bombordo e os recifes de Vitória a estibordo.
A 13 de janeiro, o Capitão Nemo avisou-me que estávamos no Mar de Timor e à vista da ilha do mesmo nome. Esta ilha, cuja superfície é de mil seiscentos e vinte e cinco léguas quadradas, é governada por rajás, que são descendentes da mais nobre origem a que um ser humano pode aspirar. Os seus escamosos antepassados enchem os rios da ilha e são objeto de uma veneração especial. São protegidos, mimados, adorados, e alimentados com jovens virgens, em ocasiões especiais. Desgraçado do estrangeiro que puser as mãos num desses animais, como é o caso desses enormes lagartos sagrados.
Passamos ao largo dessa ilha. A 18 de janeiro, ó “Nautilus” estava a 105º de longitude e 15º de latitude meridional. O tempo era ameaçador e o mar agitado. O vento soprava forte de leste. Havia alguns dias que o barômetro estava descendo, anunciando para breve uma luta dos elementos.
Subi para a plataforma no momento em que o imediato procedia às medições dos ângulos solares. Esperei que ele, segundo o seu costume, pronunciasse a frase quotidiana, mas naquele dia ela foi substituída por uma outra não menos incompreensível. Quase imediatamente vi surgir o Capitão Nemo perscrutando o horizonte com o óculo de longo alcance.