Ignoro qual foi a duração do nosso sono, mas deve ter sido longo, pois ao acordarmos nos sentimos completamente recuperados das fadigas. Fui o primeiro a despertar. Assim que me levantei daquele leito um pouco duro, senti o cérebro desanuviado, o espírito livre e tentei reavaliar a fossa situação, enquanto fazia um exame da cela.
O monstro de aço acabava de emergir para respirar, como as baleias.
Logo que oxigenei os pulmões com o ar puro, procurei descobrir o condutor que fazia chegar até nós aquela corrente benfazeja e não tardei a encontrá-lo. Por cima da porta havia um orifício de ventilação que deixava passar uma coluna de ar fresco, renovando assim a atmosfera saturada da cela.
Estava eu nessas cogitações, quando Ned e Conselho acordaram, quase ao mesmo tempo, sob o efeito daquele ar revigorante.
- O senhor dormiu bem? - perguntou-me Conselho.
- Muito bem, meu rapaz - respondi. - E você, mestre Land? – indaguei ao canadiano.
- Dormi profundamente, professor.
- Aconteceu o mesmo comigo - disse Conselho. A seguir me perguntou:
- O que acha da nossa situação, professor?
- Penso que o acaso nos revelou um importante segredo. Ora, se a tripulação deste navio submarino tem interesse em mantê-lo ignoto, e se esse interesse for para eles mais importante do que três vidas humanas, acho que a nossa existência está comprometida. Em caso contrário, na primeira ocasião, o monstro que nos engoliu há de devolver-nos ao mundo habitado pelos nossos semelhantes.
- A menos que nos incluam na tripulação e nos mantenham aqui - sugeriu o meu criado.
- E aqui ficaremos até o dia em que uma fragata mais rápida ou mais hábil do que a “Abraham Lincoln”, apodere-se deste ninho de piratas, fazendo-os respirar pela última vez nas vergas dos mastros.