O “Nautilus” retomara a sua imperturbável rota para o sul. Seguia o quinquagésimo meridiano com uma velocidade considerável. Queria chegar ao polo? Todas as tentativas já feitas para atingir esse ponto do globo terrestre tinham falhado.
A 14 de março avistei gelos flutuantes. O submarino ‘ mantinha-se à superfície do oceano. Ned Land já tinha pescado nos mares árticos e estava familiarizado com o espetáculo dos icebergs. Eu e Conselho os víamos pela primeira vez.
No horizonte sul estendia-se uma faixa branca de aspeto deslumbrante. Os baleeiros ingleses deram-lhe o nome de ice-blinck. Por mais espessas que sejam, as nuvens não conseguem escurecê-la. Essa faixa branca anuncia a presença do banco de gelo.
A 15 de março passamos a latitude das ilhas New Shetland e das Orkney do Sul. O capitão me informou que ali tinham vivido numerosas tribos de focas. Os baleeiros ingleses e americanos, na sua fúria destruidora, chacinando adultos e fêmeas grávidas, tinham deixado atrás de si o silêncio da morte onde antes existia a animação e a vida.
A 16 de março, por volta das oito horas da manhã, o “Nautilus” seguindo o quinquagésimo quinto meridiano, cortou o círculo polar antártico. O gelo nos rodeava por todos os lados. No entanto, o Capitão Nemo avançava sempre.
- Quando tiver o caminho barrado terá de parar - disse-me Conselho, quando cogitávamos sobre até onde o capitão pretendia ir.
Finalmente, a 18 de março, o “Nautilus” ficou definitivamente preso no gelo. Estávamos no meio de uma interminável e imóvel barreira formada por montanhas de gelo ligadas entre si.
- O banco de gelo - informou-me Ned Land. - Professor, se o capitão tentar ir mais longe…
- O que acontecerá?