Ignoro como fui parar à plataforma. Talvez o canadiano me tivesse levado. Mas eu respirava e absorvia o ar vivificante do mar.
- Ah! - dizia-me Conselho. - O oxigênio é tão bom! O senhor não tenha receio de respirar. Há que chegue para todos.
Quanto a Ned Land, não falava mas abria a boca de tal maneira que assustaria um tubarão. E que poderosas inspirações! O canadiano arfava como um fogão em plena combustão.
Recuperei imediatamente as forças e, quando olhei à minha volta, vi que estávamos sós na plataforma. Nenhum dos homens da tripulação e nem o Capitão Nemo. Os estranhos marinheiros do “Nautilus” contentavam-se com o ar que circulava no interior.
As primeiras palavras que pronunciei foram de agradecimento e gratidão para meus dois companheiros.
- Bom, professor, não se fala mais nisso - disse-me Ned Land. – Não temos nenhum mérito pelo que fizemos. Foi uma questão de aritmética.
A sua existência valia mais do que a nossa e portanto era preciso conservá-la.
- Não, Ned, não valia e nem vale mais. Ninguém é superior a homens generosos como vocês.
Ficamos calados por um momento e depois eu disse:
- Meus amigos, estamos ligados uns aos outros para sempre. Vocês têm sobre mim os direitos...
- Dos quais abusarei - interrompeu-me o canadiano.
- Como? - perguntou Conselho.
- Abusarei do direito de levá-lo comigo quando deixar este infernal “Nautilus” - respondeu Ned Land.
- De facto - disse Conselho - vamos no bom caminho.
- Sim - acrescentei - vamos para o lado do sol e aqui o sol significa norte.
- Sem dúvida - concordou Ned Land - mas resta saber se navegamos para o Pacifico ou para o Atlântico.