Esse horroroso espetáculo inaugurou a série de catástrofes marítimas que o “Nautilus” iria encontrar em sua rota. Desde que navegávamos por mares frequentados, víamos muitas vezes cascos naufragados que acabavam por apodrecer entre suas águas. A maior profundidade víamos canhões, balas, âncoras, correntes e mil outros objetos de ferro sendo devorados pela ferrugem.
Entretanto, sempre conduzidos pelo “Nautilus”, onde vivíamos isolados, avistamos, no dia 11 de dezembro, o Arquipélago Pomotu, antigo “grupo perigoso” de Bougainville. Esse arquipélago cobre uma superfície de trezentas e setenta léguas quadradas e é formado por sessenta grupos de ilhas, entre as quais se destaca o grupo Gambier, ao qual a França impôs o seu protetorado. Um crescimento lento mas contínuo dessas ilhas coralíneas, há de um dia ligá-las entre si. Depois, esta ilha irá unir-se aos arquipélagos vizinhos, e surgirá um quinto continente que se estenderá desde a Nova Zelândia e a Nova Caledônia até as ilhas Marquesas.
No dia em que expus esta minha teoria ao Capitão Nemo, ele me respondeu, friamente:
- Não é de novos continentes que a terra precisa, professor, mas de novos homens!
A 15 de dezembro deixamos para leste o encantador Arquipélago da Sociedade e a graciosa Taiti, rainha do Pacifico. De manhã avistei, a algumas milhas a sotavento, os cumes elevados desta ilha. As suas águas forneceram para a mesa de bordo excelentes peixes, tais como cavalas, bonitos, albacoras e algumas variedades de uma serpente do mar chamada “munérophis”.