Três minutos depois de ter lido a carta do ilustre secretário da Marinha, caçar aquele monstro inquietante e livrar os mares de sua constante ameaça tornara-se o único objetivo de minha vida. A oportunidade de participar daquela caçada me empolgou.
No entanto, eu estava cansado e precisando de repouso. O meu maior desejo era rever o meu pais, os meus amigos, o meu pequeno apartamento do Jardim Botânico, em Paris, as minhas preciosas coleções.
Mas nada me deteve. Esqueci tudo: fadigas, amigos, conforto, e aceitei, sem mais reflexões, a oferta do governo americano.
- Conselho! - chamei com voz impaciente.
Conselho era o meu criado. Tratava-se de um rapaz dedicado que me acompanhava em todas as minhas viagens, apto para todo o serviço e que, apesar do seu nome, nunca dava conselhos mesmo quando não lhe eram pedidos. Era uma excelente e honesta criatura.
- Conselho! - chamei-o de novo, começando os meus preparativos para a viagem, com grande agitação - Prepare-se, meu rapaz, partimos dentro de duas horas.
- Vamos para Paris? - perguntou ele.
- Sim... certamente... mas dando uma volta primeiro - respondi.
- Daremos a volta que o senhor quiser - concordou o criado.
- Não será uma grande volta. Trata-se de um caminho menos direto.
Vamos embarcar na “Abraham Lincoln”.
- Se é a sua decisão, para mim é a melhor, senhor – disse ele.
- Vou lhe dizer a verdade, meu rapaz. Trata-se do monstro marinho. Vamos livrar os mares da sua presença.