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Capítulo 113: O passado

Página 1043

- Nunca por nunca ser. Compreende, das duas uma: ou caiu de chapa de cinquenta pés de altura e morreu imediatamente...

- Disse que lhe tinham prendido um pelouro aos pés; portanto, deve ter caído de pé

- Ou caiu de pé - prosseguiu o porteiro. - e então o peso do pelouro arrastou-o para o fundo, onde ficou, pobre homem!

- Lamenta-o?

- Claro que sim, embora morresse no seu elemento.

- Que quer dizer?

- Que corria o boato de que o desgraçado fora, no seu tempo, um oficial de marinha preso por bonapartista.

- É verdade - murmurou o conde para consigo. - Deus fê-la flutuar à superfície das vagas e das paixões, e assim o pobre marinheiro vive na memória de alguns narradores.

- Conta-se a sua terrível história ao canto da lareira e estremece-se no momento em que ele fende o espaço para mergulhar no mar profundo.

- Nunca souberam o seu nome? - perguntou o conde em voz alta.

- Ah. sim. claro!... - respondeu o guarda. - Como? Era só conhecido pelo número 34.

- Villefort, Villefort... - murmurou o conde. - O que não terás pensado quando o meu fantasma importunava as tuas insónias...

- O senhor quer continuar a visita? - perguntou o porteiro.

- Sim, sobretudo se me quiser mostrar a cela do pobre abade.

- Ah! A do número 27?

- Sim, a do número 27 - repetiu Monte-Cristo.

E pareceu-lhe ouvir ainda a voz do abade Faria quando lhe perguntara o seu nome e ele lhe gritara o número através da parede.

- Venha.

- Espere, deixe-me dar uma última vista de olhos à cela.

- Calha bem - disse o guia -, porque me esqueci da chave da outra.

- Vá buscá-la.

- Deixo-lhe o archote.

- Não, leve-o.

- Mas fica sem luz...

- Vejo de noite.

- Olha, é como ele!...

- Ele quem?

- O número 34. Dizem que estava tão habituado às trevas que era capaz de ver um alfinete no canto mais escuro da cela.

- Mas precisou de dez anos para o conseguir – murmurou Monte-Cristo.

O guia afastou-se com o archote.

O conde dissera a verdade: bastaram-lhe apenas uns segundos na escuridão para distinguir tudo como em pleno dia.

Então olhou a toda a volta de si e reconheceu realmente a sua cela.

- Sim, cá está a pedra em que me sentava! E aqui a marca dos meus ombros escavada na muralha! E aqui uns restos do sangue que me correu da testa no dia em que quis partir a cabeça contra a parede! Oh, estes números!... Lembro-me deles...

»Fi-los num dia em que calculava a idade do meu pai, para saber se o encontraria vivo, e a idade de Mercédès, para saber se a encontraria livre...

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pág. 1043 (Capítulo 113)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1043

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069