O Conde de Monte Cristo - Cap. 33: Bandidos Romanos Pág. 286 / 1080

- Foram essas as minhas próprias palavras.

- Pois bem, esse itinerário é impossível.

- Impossível?...

- Ou pelo menos perigosíssimo.

- Perigosíssimo... E porquê?

- Por causa do famoso Luigi Vampa.

- Antes de mais nada, meu caro hoteleiro, quem é o famoso Luigi Vampa? - perguntou Albert. - Pode ser famosíssimo em Roma, mas previno-o de que é ignorado em Paris.

- Como, não o conhecem?!

- Não tenho essa honra.

- Nunca ouviu pronunciar o seu nome?

- Nunca.

- Bom, trata-se de um bandido comparado com o qual os Deseraris e os Gasparoni não passam de uma espécie de meninos de coro.

- Atenção, Albert, aí está finalmente um bandido! - exclamou Franz.

- Previno-o, meu caro hoteleiro, de que não acreditarei numa só palavra do que nos vai dizer. É ponto assente entre nós. Mas diga o que lhe apetecer que sou todo ouvidos. «Era uma vez... » Vá, comece!

Mestre Pastrini virou-se para Franz, que lhe parecia o mais razoável dos dois rapazes. Deve-se fazer justiça ao excelente homem: hospedara muitos franceses na sua vida, mas nunca compreendera certa faceta do seu espírito.

- Excelência - disse muito gravemente dirigindo-se, como dissemos, a Franz -, se me considera um mentiroso, é inútil dizer-lhe o que tencionava dizer-lhe. Posso no entanto afirmar-lhes que era no interesse de Vossas Excelências.

- Albert não lhe disse que era um mentiroso, meu caro Sr. Pastrini - redarguiu Franz. - Disse-lhe que não o acreditaria e mais nada.

- Mas eu acreditá-lo-ei, esteja descansado. Fale, pois.

- Contudo, Excelência, compreende muito bem que se se põe em dúvida a veracidade das minhas palavras...

- Meu caro - observou Franz -, o senhor é mais susceptível do que Cassandra, que no entanto era profetisa e que ninguém escutava, ao passo que você está seguro, pelo menos, de metade do seu auditório. Vejamos, sente-se e diga-nos quem é o Sr. Vampa.

- Já lhe disse, Excelência: é um bandido como ainda não vimos nenhum desde o famoso Mastrilla.

- De acordo. Mas que relação tem esse bandido com a ordem que dei ao cocheiro de sair pela Porta del Popolo e entrar pela Porta de San- Giovanni?

- Tem - respondeu mestre Pastrini - que podem muito bem sair por uma, mas duvido que entrem pela outra.

- Porquê? - perguntou Franz.

- Porque assim que anoitece não se está seguro a cinquenta passos das portas.

- Palavra de honra? - troçou Albert.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069