O Conde de Monte Cristo - Cap. 33: Bandidos Romanos Pág. 304 / 1080

- Sim - confirmou o narrador. - Foi o nome que o viajante deu a Vampa como sendo o seu.

- Mas afinal você tem alguma coisa contra esse nome? - perguntou Albert ao amigo. - É um belíssimo nome, e as aventuras do patrão desse cavalheiro divertiram-me muito, confesso, na minha adolescência.

Franz não insistiu mais. Como bem se compreende, o nome de Simbad, o Marinheiro, despertara nele um mundo de recordações, como na véspera o do conde de Monte-Cristo.

- Continue - pediu ao hoteleiro.

- Vampa meteu desdenhosamente os dois sequins na algibeira e retomou lentamente o caminho por onde viera. Chegado a duas ou três centenas de passos, da gruta, julgou ouvir um grito.

»Parou e escutou para saber de que lado vinha esse grito.

»Passado um segundo, ouviu o seu nome pronunciado distintamente.

»O apelo vinha ao lado da gruta.

»Saltou como um cabrito-montês, armou a espingarda enquanto corria e chegou em menos de um minuto ao alto da colina oposta àquela em que vira o viajante.

»Ali os gritos de "Socorro!" chegaram-lhe ainda mais distintos.

»Relanceou, a vista pelo espaço que dominava: um homem raptava Teresa como o centauro Nesso raptara Dejanira.

»Esse homem, que se dirigia para o bosque, encontrava-se já a três quartos do caminho entre a gruta e a floresta.

»Vampa calculou a distância. O homem tinha duzentos passos de avanço sobre ele, pelo menos, e não havia possibilidade de o apanhar antes de chegar ao bosque.

»O jovem pastor deteve-se como se os seus pés tivessem criado raízes. Encostou a coronha da espingarda ao ombro, levantou lentamente o cano na direcção do raptor, seguiu-o um segundo na corrida e disparou.

»O raptor parou bruscamente, os joelhos dobraram-se-lhe e o homem caiu arrastando Teresa na queda.

»Mas Teresa levantou-se imediatamente. Quanto ao fugitivo, ficou caído, debatendo-se nas convulsões da agonia.

»Vampa correu para Teresa, porque, a dez passos do moribundo, as pernas também lhe tinham faltado e a jovem caíra de joelhos. O rapaz tinha o receio terrível de que a bala que abatera o inimigo tivesse ao mesmo tempo ferido a noiva.

»Felizmente, nada disso acontecera, fora apenas o terror que paralisara as forças de Teresa. Quando Luigi teve a certeza de que estava sã e salva, virou-se para o ferido.

»Acabava de expirar, com os punhos fechados, a boca contraída pela dor e os cabelos eriçados sob o suor da agonia.

»Os olhos tinham-lhe ficado abertos e ameaçadores.

»Vampa, aproximou-se do cadáver e reconheceu Cucumetto.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069