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Capítulo 34: Aparição

Página 314

- E se o não conseguir?...

- Três tapeçarias amarelas.

- E nesse caso...

- E nesse caso, meu caro amigo, sirva-se do punhal à sua vontade. Permito-lho e estarei lá para o ver actuar.

- Adeus, Excelência. Conto consigo, conte comigo.

Ditas estas palavras, o trasteveriano desapareceu pela escada, enquanto o desconhecido, cobrindo mais do que nunca o rosto com a capa, passou a dois passos de Franz e desceu à arena pelos degraus exteriores.

Um segundo mais tarde, Franz ouviu o seu nome ecoar debaixo das abóbadas: era Albert quem o chamava. Esperou para responder que os dois homens se afastassem, pois não queria que soubessem que tinham tido uma testemunha que, embora lhes não tivesse visto a cara, não perdera uma palavra do seu diálogo.

Dez minutos depois, Franz rodava para o Hotel de Espanha, escutando com uma distracção deveras impertinente a douta dissertação que Albert fazia, segundo Plínio e Calpúrnio, acerca das redes guarnecidas de pontas de ferro que impediam as feras de se atirar aos espectadores. Deixava-o falar sem o contradizer. Tinha pressa de se encontrar sozinho para pensar sem que o distraíssem no que acabava de acontecer na sua presença.

Dos dois homens, um era-lhe certamente estranho, era a primeira vez que o via e ouvia, mas o mesmo não acontecia com o outro. E embora Franz lhe não pudesse ver a cara, constantemente oculta na sombra ou escondida pela capa, o timbre daquela voz impressionara-o tanto da primeira vez que a ouvira que ela nunca mais poderia soar diante de si sem que a reconhecesse.

Havia sobretudo nas intonações irónicas qualquer coisa de estridente e metálico que o fizera estremecer tanto nas ruínas do Coliseu como na gruta de Monte-Cristo. Por isso, estava absolutamente convencido de que aquele homem não era outro senão Simbad, o Marinheiro.

Por isso, em qualquer outra circunstância, a curiosidade que lhe inspirara aquele homem seria tão grande que não hesitaria em dar-se-lhe a reconhecer. Mas naquela ocasião a conversa que acabava de ouvir era demasiado íntima para que o não contivesse o receio, muito sensato, de que o seu aparecimento lhe não seria agradável. Deixara-o portanto afastar-se, como vimos, mas prometendo a si próprio, se o voltasse a encontrar, não deixar fugir essa segunda oportunidade como deixara fugir a primeira.

Franz estava demasiado preocupado para dormir bem. Gastou a noite a passar e repassar no seu espírito todas as circunstâncias relacionadas com o homem da gruta e o desconhecido do Coliseu, e que tendiam a fazer das duas personagens o mesmo indivíduo. E quanto mais Franz pensava nisso, tanto mais se firmava nesta opinião.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 314

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069