O Conde de Monte Cristo - Cap. 57: O campo de Luzerna Pág. 559 / 1080

- Nada - respondeu Maximilien sorrindo.

- Nesse caso, porque sorri também agora? - quis saber Valentine.

- Pronto, desta vez também a apanhei a espreitar, Valentine! - exclamou Maximilien.

- Quer que me vá embora?

- Oh, não, não! Mas voltemos a nós.

- Sim, é melhor, porque não podemos estar juntos mais de dez minutos.

- Meu Deus! - exclamou Maximilien, consternado.

- Tem razão, Maximilien - admitiu Valentine, com melancolia. Tem em mim uma pobre amiga, Maximilien. Que existência o faço passar, pobre amigo, tão bem talhado para ser feliz! Censuro-me por isso amargamente, acredite.

- Não se preocupe, Valentine. Sinto-me feliz assim e julgo-me recompensado desta espera eterna por vê-la durante cinco minutos, por ouvir duas palavras da sua boca e por esta convicção profunda, eterna, de que Deus não criou dois corações tão em harmonia como os nossos, e sobretudo não os reuniu quase milagrosamente, para os separar.

- Obrigada, Maximilien. Tenha esperança pelos dois; isso já me torna meio feliz.

- Que mais lhe aconteceu, Valentine, para que me deixe tão depressa?

- Não sei. A Sr.ª de Villefort mandou-me pedir que fosse aos seus aposentos para ouvir uma comunicação da qual depende, segundo ela, parte da minha fortuna. Meu Deus, que fiquem com ela, com a minha fortuna! Sou demasiado rica. E que depois de se apoderarem dela me deixem tranquila e livre. Também me amaria se fosse pobre, não é verdade, Maximilien?

- Oh, amá-la-ei sempre! Que me importaria riqueza ou pobreza se a minha Valentine estivesse junto de mim e tivesse a certeza de que ninguém ma roubaria? Mas essa comunicação, Valentine, não receia que seja alguma notícia relacionada com o seu casamento?

- Não creio.

- No entanto, ouça-me, Valentine, e não se assuste, pois enquanto viver não serei doutra.

- Julga tranquilizar-me dizendo-me isso, Maximilien? - Desculpe! Tem razão, sou um bruto. Mas o que lhe queria dizer era que há dias encontrei o Sr. de Morcerf.

- E depois?

- O Sr. Franz é seu amigo, como a Valentine sabe.

- Pois sei. E depois?

- E depois?... Ele recebeu uma carta de Franz em que lhe anuncia o seu próximo regresso.

Valentine empalideceu e apoiou a mão no portão.

- Ah, meu Deus, se fosse isso!... - murmurou. - Mas não, a comunicação não viria da Sr.ª de Villefort.

- Porquê?

- Porque... não sei porquê... mas parece-me que a Sr.ª de Villefort, embora se lhe não oponha francamente, não vê com bons olhos o casamento.

- Nesse caso, Valentine, parece-me que vou adorar a Sr.ª de Villefort!

- Oh, não tenha pressa, Maximilien! - redarguiu Valentine, comum sorriso triste.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069