O Conde de Monte Cristo - Cap. 73: A promessa Pág. 702 / 1080

- Não.

- Quer dizer que este projecto não tem o seu assentimento?

- Não.

- Nesse caso, há outro meio - respondeu Morrel.

O olhar interrogador do velho perguntou:

- Qual?

- Irei - continuou Maximilien -, irei procurar o Sr. Franz de Epinay (ainda bem que lhe posso dizer isto na ausência de Mademoiselle de Villefort) e comportar-me-ei com ele demaneira a obrigá-lo a ser um homem galante...

O olhar de Noirtier continuou a interrogar.

- Que farei?

- Sim.

- Isto: irei procurá-lo, como lhe dizia, revelar-lhe-ei os laços que me ligam a Mademoiselle de Villefort, e se ele for um homem delicado provará a sua delicadeza renunciando espontaneamente à mão da sua noiva. A partir desse momento, ser-lhe-ei dedicado até à morte. Mas se recusar, quer por interesse, quer por um orgulho ridículo o levar a persistir, depois de lhe provar que com a sua atitude coagiria uma mulher que me pertence, que Valentine me ama e não pode amar outro além de mim, bater-me-ei com ele dando-lhe todas as vantagens, e matá-lo-ei ou ele me matará. Se o matar, não casará com Valentine; se me matar, estou certo de que Valentine não casará com ele.

Noirtier observava com indizível prazer aquela nobre e sincera fisionomia em que se espelhavam todos os sentimentos que a boca exprimia, acrescentando-lhos, através da expressão de um belo rosto, tudo o que a cor acrescenta a um desenho vigoroso e real.

No entanto, quando Morrel acabou de falar, Noirtier fechou os olhos diversas vezes, o que era, como se sabe, a sua maneira de dizer não.

- Não? - repetiu Morrel. - Portanto, o senhor desaprova o segundo projecto, como já desaprovou o primeiro?

- Sim, desaprovo-o - respondeu o velho.

- Que fazer então, senhor? - perguntou Morrel. - As últimas palavras da Sr.ª de Saint-Méran foram que o casamento da neta se não fizesse esperar. Deverei deixar que os acontecimentos se consumam?

Noirtier ficou imóvel.

- Sim, compreendo - disse Morrel. - Devo esperar.

- Sim.

- Mas qualquer atraso nos perderá senhor - observou o rapaz. Sozinha, Valentine não tem força e coagi-la-ão como a uma criança. Entrado aqui milagrosamente para saber o que se passava e não menos milagrosamente na sua presença, não posso razoavelmente esperar que a sorte me continue a bafejar. Acredite, só é possível optar por um ou por outro dos dois partidos que lhe indiquei, desculpe esta vaidade à minha juventude, para chegarmos a uma solução. Diga-me qual dos dois prefere. Autoriza Mademoiselle Valentine a confiar-se à minha honra?

- Não.

- Prefere que vá procurar o Sr. de Epinay?

- Não.

- Mas, meu Deus, de quem nos virá o socorro que esperamos, do Céu?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069