O Conde de Monte Cristo - Cap. 12: Pai e Filho Pág. 86 / 1080

- Só tem consigo alguns homens e mandarão exércitos contra ele.

- Que o escoltarão para entrar na capital. Na verdade, meu caro Gérard, não passas ainda de uma criança. Vocês julgam-se bem informados porque um telégrafo lhes disse, três dias depois do desembarque: «O usurpador desembarcou em Cannes com alguns homens; vamos em sua perseguição.» Mas onde está ele? Que faz? A esse respeito vocês não sabem nada. Perseguem-no, é tudo o que sabem. Pois persegui-lo-ão assim até Paris sem queimar uma escorva.

- Grenoble e Lião são cidades fiéis e que lhe oporão uma barreira intransponível.

- Grenoble abrir-lhe-á as portas com entusiasmo e Lião em peso irá ao seu encontro. Acredita-me, estamos tão bem informados como vocês e a nossa polícia vale bem a vossa. Queres uma prova? Vocês quiseram esconder-me a tua viagem e no entanto soube da tua chegada cerca de meia hora depois de transpores a barreira. Não deste o teu endereço a ninguém, excepto ao teu postilhão, e como vês sabia onde encontrar-te, e a prova disso é que chego a tua casa precisamente no momento em que vais sentar-te à mesa. Toca, pois, e pede segundo talher; comeremos juntos.

- Com efeito - respondeu Villefort, olhando o pai com surpresa -, com efeito parece-me muito bem informado.

- Mas, meu Deus, não há nada mais simples! Vocês, que detêm o poder, só dispõem dos meios que proporciona o dinheiro; nós, que o esperamos, só temos aqueles que proporciona a dedicação.

- A dedicação? - disse Villefort, rindo.

- Sim, a dedicação. É assim que se chama, em termos honestos, a ambição que espera.

E o pai de Villefort estendeu pessoalmente a mão para o cordão da campainha, a fim de chamar o criado que o filho se não resolvia a chamar.

Villefort deteve-lhe o braço.

- Espere meu pai - disse o jovem. - Mais uma palavra.

- Diz.

- Por muito incompetente que seja a Polícia monárquica, sabe no entanto uma coisa terrível.

- Qual?

- Os sinais do homem que na manhã do dia em que desapareceu o general Quesnel se apresentou em sua casa.

- Ah! Ela sabe isso, essa excelente Polícia? E quais são esses sinais?

- Tez morena, cabelo, suíças e olhos negros, sobrecasaca azul abotoada até ao queixo, roseta de oficial da Legião de Honra na lapela, chapéu de abas largas e bengala de bambu.

- Ah, ah! Ela sabe isso? - comentou Noirtier. - Então por que motivo não deitou a mão a esse homem?

- Porque o perdeu de vista ontem ou anteontem à esquina da Rua Coq- Héron

- Bem te dizia que a vossa Polícia é estúpida.

- Sim, mas pode encontrá-lo de um momento para o outro.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069