O Conde de Monte Cristo - Cap. 104: A assinatura de Danglars Pág. 967 / 1080

- Vi, e depois?

- Depois... o Sr. de Monte-Cristo levou-me os seus cinco milhões!

- Como assim?...

- O conde tinha um crédito ilimitado sobre mim, crédito aberto pela casa Thomson & French, de Roma, e veio pedir-me cinco milhões de uma assentada. Dei-lhe uma ordem de pagamento sobre o Banco de França, onde estão depositados os meus fundos, e como o senhor deve compreender, receio que, retirando das mãos do Sr. Governador dez milhões no mesmo dia, isso lhe pareça muito estranho. Em dois dias – acrescentou Danglars, sorrindo - o caso é diferente.

- Homessa! - exclamou o Sr. de Boville no tom da mais completa incredulidade. - O senhor entregou cinco milhões a esse cavalheiro que saiu há bocadinho e que ao sair me cumprimentou como se o conhecesse?...

- Talvez ele o conheça sem que o senhor o conheça. O Sr. de Monte-Cristo conhece toda a gente.

- Cinco milhões!

- Aqui está o seu recibo. Faça como S. Tomé: veja e apalpe. O Sr. de Boville pegou no papel que Danglars lhe apresentava e leu: Recebi do Sr. Barão a quantia de cinco milhões e cem mil francos que lhe serão reembolsados quando quiser pela casa thomson & French de Roma.

- É verdade! - exclamou o recebedor-geral.

- Conhece a casa Thomson & French?

- Conheço - respondeu o Sr. de Boville. - Fiz uma vez um negócio de duzentos mil francos com ela, mas depois disso nunca mais ouvi falar a seu respeito.

- É uma das melhores casas da Europa - declarou Danglars, atirando negligentemente para cima da secretária o recibo que acabava de recuperar das mãos do Sr. de Boville.

- E ele tinha assim, sem mais nem menos, um crédito de cinco milhões sobre o senhor? Caramba, deve ser algum nababo, esse conde de Monte-Cristo!

- Lá o que é, não sei; mas tinha três créditos ilimitados: um sobre mim, um sobre Rothschild e um sobre Laffitte. E como vê - acrescentou negligentemente Danglars - deu-me a preferência, deixando-me cem mil francos para o ágio.

O Sr. de Boville deu todos os indícios da maior admiração.

- Tenho de o ir visitar e de obter qualquer legado pio para nós - declarou.

- Oh, é como se já o tivesse! Só as suas esmolas ascendem a mais de vinte mil francos por mês.

- Excelente! Aliás, citar-lhe-ei o exemplo da Sr.ª de Morcerf e do filho.

- Que exemplo?

- Doaram toda a sua fortuna aos Hospícios.

- Que fortuna?

- A sua fortuna, a do general de Morcerf; do defunto

- E a que propósito?

- A propósito de não quererem bens tão miseravelmente adquiridos.

- De que vivem então?

- A mãe retirou-se para a província e o filho alistou-se.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069