O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 27: CAPÍTULO XV Pág. 153 / 245

Estamos em plena legenda. O terraço batido da água, a lua, os velhos amigos reunidos, a lembrança da pobre amante, que se apaga na memória dele, o pressentimento da morte… Que linda noite para o rei atirar a sua taça ao mar!

E cantou os derradeiros versos da balada:

Foi-se com trêmulos passos

Na amurada debruçar…

E com as suas mãos antigas

Atirou a taça ao mar!

Junto ao seu corpo real

Estão os pajens a velar

E a taça vai viajando

Por sobre as águas do mar…

De repente Ritmel deu um pequeno grito: descuido, movimento, ou irreprimível impulso de um coração que se revela, Ritmel deixara cair a pequena chávena ao tanque, entre as folhas dos nenúfares.

A condessa ergueu-se, extremamente pálida, apertando com ambas as mãos o coração: e com os olhos marejados de lágrimas, disse para Ritmel:

- O rei de tule ao menos esperou que ela morresse!

Ele desculpava-se banalmente, como se todo o mal fosse perder-se aquela frágil preciosidade de Sévres. A condessa deu-me o braço um pouco trémula, e penetrámos na sala.

Daí a dias foi a catástrofe. Outros que a contem. Eu deponho aqui a minha pena, com a consciência de que ela foi sempre tão digna, quanto a minha intenção foi sincera.





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