O Conde de Monte Cristo - Cap. 2: O pai e o filho Pág. 11 / 1080

Vamos, pai - continuou Dantès -, guarde esse dinheiro no seu mealheiro. A não ser que o vizinho Caderousse tenha, por sua vez, necessidade dele, pois nesse caso está às suas ordens.

- Não - rapaz - disse Caderousse -, não tenho necessidade de nada. Graças a Deus, o Estado cuida dos seus homens. Guarda o teu dinheiro, guarda; nunca é de mais. O que me não impede de te agradecer a tua oferta como se a tivesse aceitado.

- Era de boa vontade - declarou Dantès.

- Acredito. Eis-te então em excelentes relações com o Sr Morrel, hem?... Espertalhão!...

- O Sr. Morrel foi sempre muito bondoso para comigo - respondeu Dantès.

- Nesse caso, não devias recusar o seu jantar.

- Como recusar o seu jantar? - interveio o velho Dantès. Convidou- te para jantar?

- Convidou, meu pai - respondeu Edmond, sorrindo do espanto que causava ao pai as grandes honras de que era alvo.

- E por que recusaste, filho? - perguntou o velhote.

- Para chegar mais cedo junto de si meu pai - respondeu o rapaz. - Tinha pressa de o ver.

- O bom do Sr. Morrel deve ter ficado contrariado com isso - insinuou Caderousse. - E quando se visa ser comandante é um erro contrariar o armador…

- Expliquei-lhe o motivo da minha recusa e ele compreendeu-o, espero - redarguiu Dantès.

- Convém não esquecer que para se ser comandante é necessário adular um bocadinho os patrões....

- Espero ser comandante sem isso - respondeu Dantès.

- Tanto melhor, tanto melhor! Será um prazer para todos os velhos amigos e sei de alguém lá em baixo, atrás da Cidadela de S. Nicolau, que não ficará nada aborrecido com isso…

- Mercédès? - perguntou o velhote.

- Sim, meu pai - respondeu Dantès. - E com sua licença, agora que já o vi, agora que sei que está de saúde e que tem tudo quanto precisa, permita-me que vá visitar os Catalães.

- Vai, meu filho - disse o velho Dantès -, e que Deus te abençoe na tua mulher como me abençoou no meu filho.

- Sua mulher? - interveio Caderousse. - Como vai depressa, Tio Dantès! Ainda o não é, parece-me! - Não. Mas é muito provável que não tarde a sê-lo - respondeu Edmond.

- Não importa, não importa - observou Caderousse. - Fazes bem em despachar-te, rapaz.

- Porquê?

- Porque Mercédès é uma bonita rapariga e às bonitas raparigas não faltam apaixonados. Ela, sobretudo, tem-nos às dúzias.

- Deveras? - disse Edmond, com um sorriso em que se notavam uns ligeiros laivos de inquietação.

- Claro! - confirmou Caderousse. - E bons partidos, até. Mas, compreendes, vais ser comandante e nessas condições quem é que te ia recusar?...





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069