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Capítulo 2: O pai e o filho

Página 10

Não quero que continues sozinho. Tenho café de contrabando e excelente tabaco num baúzinho no porão. Dar-tos-ei amanhã. Mas caluda que vem aí alguém!

- É Caderousse. Deve ter sabido da tua chegada e vem, sem dúvida, dar-te as boas-vindas.

- Deus nos livre dos lábios que dizem uma coisa enquanto o coração sente outra - murmurou Edmond. - Mas não importa, é um vizinho que noutros tempos nos ajudou; que seja bem-vindo.

Com efeito, quando Edmond acabava esta frase em voz baixa apareceu enquadrada na porta do patamar a cabeça negra e barbuda de Caderousse. Era um homem de vinte e cinco a vinte seis anos.

Trazia na mão um bocado de tecido que, na sua qualidade de alfaiate, se preparava para transformar numa banda de casaca.

- Com que então de volta, bem, Edmond - disse com um aceno marselhês dos mais pronunciados e um amplo sorriso que lhe descobriu os dentes brancos como marfim.

- É como vê, vizinho Caderousse, e pronto a ser-lhe agradável no que quer que seja - respondeu Dantès, escondendo mal a sua frieza debaixo desta oferta de serviços.

- Obrigado, obrigado. Felizmente, não preciso de nada, e às vezes até são os outros que precisam de mim....

Dantès esboçou um gesto.

- Não digo isto por ti, rapaz - prosseguiu o outro. - Emprestei-te dinheiro, pagaste-mo. São coisas que se trazem entre bons vizinhos e estamos quites.

- Nunca estamos quites para com aqueles que nos obsequiaram - declarou Dantès. - Porque quando já lhos não devemos dinheiro devemos-lhe reconhecimento.

- Que adianta falar disso? O que lá vai, lá vai! Falemos antes do teu feliz regresso, rapaz. Passava por acaso pelo porto para ir comprar fazenda castanha quando encontrei o amigo Danglars.

« - Tu em Marselha?

« - Claro, como vês - respondeu-me.

« - Julgava-te em Esmirna.

« - Acabo de chegar de lá

« - E Edmond, onde está?

« - Em casa do pai, sem dúvida - respondeu Danglars. - E foi então que resolvi cá vir - continuou Caderousse - para ter o prazer de apertar a mão a um amigo!

- Este bom Caderousse gosta tanto de nós - observou o velhote.

- Claro que gosto de vocês e também que os estimo, atendendo a que as pessoas honestas são raras! Mas parece que enriqueceste, rapaz... - continuou o alfaiate, deitando um olhar de esguelha ao punhado de ouro e prata que Dantès pusera em cima da mesa.

O jovem notou o relâmpago de cupidez que iluminou os olhos negros do vizinho.

- Por Deus - disse negligentemente -, esse dinheiro não é meu. Manifestava ao pai o receio de que lhe tivesse faltado alguma coisa na minha ausência e, para me tranquilizar, ele despejou a bolsa em cima da mesa.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 10

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069