O Conde de Monte Cristo - Cap. 2: O pai e o filho Pág. 12 / 1080

- O que quer dizer - comentou - Dantès com um sorriso que disfarçava mal a sua inquietação - que se não fosse comandante....

- Eh, eh! - gargalhou Caderousse.

- Vamos, vamos - atalhou o rapaz -, tenho melhor opinião do que você acerca das mulheres em geral e de Mercédès em particular e estou convencido de que, seja ou não comandante, ela me permanecerá fiel.

- Tanto melhor, tanto melhor! - exclamou Caderousse. - É sempre bom um homem ter fé quando se vai casar. Mas não importa! Acredita no que te digo, rapaz: não percas tempo a ir anunciar-lhe a tua chegada e a dar-lhe conta das tuas esperanças.

- Vou já - disse Edmond.

Beijou o pai, cumprimentou Caderousse com um aceno e saiu.

Caderousse ficou mais um instante. Depois, despediu-se do velho Dantès, desceu por seu turno e foi ter com Danglars, que o esperava à esquina da Rua Senac.

- Então, viste-o? - perguntou Danglars.

- Acabo de o deixar - respondeu Caderousse.

- Falou-te da sua esperança de ser comandante?

- Falou e como se já o fosse.

- Pois que tenha paciência - redarguiu Danglars. - Parece-me que vai um bocadinho depressa de mais....

- Demónio, mas se a coisa lhe foi prometida pelo Sr. Morrel!...

- De maneira que está contentíssimo?

- Será melhor dizer que está insolente. Já me ofereceu os seus serviços como se fosse uma grande personagem e ofereceu-se até para me emprestar dinheiro como se fosse um banqueiro.

- E tu recusaste?

- Evidentemente, embora pudesse muito bem aceitar, atendendo a que fui eu quem lhe pôs na mão as primeiras moedas de prata em que tocou. Mas agora o Sr. Dantès já não precisará de ninguém, vai ser comandante.

- Ora, ainda o não é! - atalhou Danglars.

- Palavra que seria bem feito que o não fosse - declarou Caderousse. - De contrário, ninguém poderá com a sua vida.

- Pois se nós quisermos - insinuou Danglars - ficará o que é e talvez até se torne menos do que é…

- Que dizes?

- Nada, falo comigo mesmo. Continua apaixonado pela bela catalã?

- Está louco por ela. Foi vê-la. Mas ou me engano muito ou espera-o um desgosto desse lado.

- Explica-te.

- Para quê?

- É mais importante do que julgas. Não gostas do Dantès, pois não?

- Não gosto dos arrogantes.

- Então, desembucha, diz-me o que sabes acerca da catalã.

- Não sei nada de muito positivo; apenas tenho visto coisas que me levam a crer, como te disse, que o futuro comandante terá um desgosto nas imediações do Caminho das Vieilles-infirmeries.

- Que viste? Vamos, diz.

- Bom, vi que todas as vezes que Mercédès vem à cidade a acompanha um mocetão de olhos negros, corado, muito moreno, muito ardente, com todo o ar de catalão e a quem ela trata por «meu primo».





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069