»Procuraram por toda a parte o seu salvador, mas não o encontraram. Perguntaram por ele a toda a gente, mas ninguém o vira. Quanto a Carmela, estava tão assustada que não o reconhecera.
»De resto, como o conde era imensamente rico, exceptuando o perigo que Carmela correra e que lhe pareceu, dada a forma miraculosa como lhe escapara, mais um novo favor da Providência do que uma verdadeira desgraça, a perda ocasionada pelas chamas pouco representou para ele.
»No dia seguinte, à hora habitual, os dois jovens encontraram-se na orla da floresta. Luigi fora o primeiro a chegar. Foi ao encontro da rapariga muito bem disposto, como se tivesse esquecido por completo a cena da véspera. Teresa estava visivelmente pensativa; mas ao ver Luigi assim bem disposto, afectou pela sua parte a despreocupação risonha que constituía o fundo do seu carácter quando qualquer paixão o não perturbava.
»Luigi tomou Teresa pelo braço e conduziu-a até à porta da gruta. Aí, deteve-se. Compreendendo que havia algo extraordinário, a rapariga olhou fixamente.
»- Ó Teresa - disse Luigi -, ontem à noite disseste-me que darias tudo no mundo para ter um vestido semelhante ao da filha do conde...
»- Pois disse - respondeu Teresa, atónita. - Mas estava louca para manifestar semelhante desejo.
»- E eu respondi-te: "Pois bem, tê-lo-ás!"
»- É verdade - admitiu a jovem, cujo espanto aumentava a cada palavra de Luigi. - Mas decerto respondeste isso para me seres agradável.
»- Nunca te prometi nada que te não desse, Teresa - redarguiu orgulhosamente Luigi. - Entra na gruta e veste-te.
»Ditas estas palavras, puxou a pedra e mostrou a Teresa a gruta iluminada por duas velas que ardiam de cada lado de um espelho magnífico. Em cima da mesa rústica, feita por Luigi, encontravam-se expostos o colar de pérolas e os alfinetes de diamantes, e numa cadeira ao lado encontrava-se o resto do traje.