O Conde de Monte Cristo - Cap. 35: A Mazzolata Pág. 327 / 1080

Capítulo XXXV - A «Mazzolata»

- Senhores - disse ao entrar o conde de Monte-Cristo -, aceitem as minhas maiores desculpas por não me ter antecipado, mas receei ser indiscreto se me apresentasse tão cedo nos seus aposentos. Aliás, mandaram-me dizer que viriam e por isso estou à disposição de ambos.

- Franz e eu temos de lhe apresentar mil agradecimentos, Sr. Conde - disse Albert. - Tirou-nos realmente de um grande apuro e estávamos em vias de inventar os veículos mais fantásticos no momento em que recebemos o seu amável convite.

- Meu Deus, senhores - redarguiu o conde, fazendo sinal aos dois rapazes para se sentarem no sofá -, só por culpa do imbecil do Pastrini os deixei tanto tempo em dificuldades! Não me disse nada acerca do embaraço em que se encontravam, a mim que, sozinho e isolado como estou aqui, apenas procurava uma oportunidade de estabelecer relações com os meus vizinhos. Logo que soube que lhes podia ser útil em qualquer coisa, bem viram com que alvoroço aproveitei essa oportunidade para lhes apresentar os meus cumprimentos.

Os dois jovens inclinaram-se. Franz ainda não encontrara uma única palavra para dizer. Ainda não tomara nenhuma resolução e, como nada indicava no conde o seu desejo de o reconhecer ou de ser reconhecido por ele, não sabia se devia, com qualquer palavra, aludir ao passado ou deixar ao futuro o cuidado de lhe fornecer novas provas. De resto, embora estivesse certo de que era ele quem se encontrava na véspera no camarote, não podia responder tão positivamente quanto a ser ele o homem que na antevéspera estivera no Coliseu. Resolveu portanto deixar correr o marfim, como se costuma dizer, sem dirigir ao conde qualquer pergunta directa. Aliás, tinha uma vantagem sobre ele -era senhor do seu segredo -, ao passo que, pelo contrário, o conde não podia exercer qualquer acção sobre Franz, que não tinha nada a esconder.

Em todo o caso resolveu encaminhar a conversa para um ponto que podia, mesmo assim, conduzir sempre ao esclarecimento de certas dúvidas.

- O Sr. Conde - disse - ofereceu-nos lugares na sua carruagem e nas sua janelas do Palácio Rospoli. Poderá dizer-nos agora como nos será possível arranjar um posto qualquer, como se diz na Itália, na Praça del Popolo?

- Ah, sim, é verdade! - exclamou o conde com ar distraído e olhando Morcerf com muita atenção.

- Não há na Praça del Popolo qualquer coisa como uma execução?

- Há - respondeu Franz, vendo que ele vinha por si mesmo aonde o queria trazer.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069