O Conde de Monte Cristo - Cap. 36: O Carnaval de Roma Pág. 346 / 1080

- Conhecem-no, portanto?

- Sim e não.

- Como assim?

- É uma longa história.

- Que me contará?

- Causar-lhe-ia demasiado medo.

- Mais uma razão.

- Espere ao menos que a história tenha um desenlace.

- Seja, gosto das histórias completas. Entretanto, como entraram em contacto? Quem os apresentou a ele?

- Ninguém. Foi ele, pelo contrário, que se apresentou a nós.

- Quando?

- Ontem à noite, depois de a deixar.

- Por intermédio de quem?

- Oh, meu Deus, pelo intermédio prosaiquíssimo do nosso hoteleiro!

- Está portanto hospedado no Hotel de Espanha como os senhores?

- Não só no mesmo hotel, mas também no mesmo andar.

- Como se chama? Porque sem dúvida sabem o seu nome...

- Perfeitamente. Conde de Monte-Cristo.

- Que nome é esse? Não é um nome de família.

- Não, é o nome de uma ilha que ele comprou.

- E é conde?

- Conde toscano.

- Enfim, engoliremos isso como os outros - declarou a condessa, que pertencia a uma das mais antigas famílias dos arredores de Veneza. - Mas que espécie de homem é ele?

- Pergunte ao visconde de Morcerf

- Ouviu, senhor? Remetem-me para si - disse a condessa.

- Seríamos demasiado exigentes se não o achássemos encantador, minha senhora - respondeu Albert. - Um amigo de dez anos não faria por nós mais do que ele tem feito, e com uma graça, uma delicadeza, uma cortesia que indicam realmente tratar-se de um homem de sociedade.

- Bom - disse a condessa, rindo -, verão que o meu vampiro acaba por ser muito simplesmente algum novo rico que quer que lhe perdoem os seus milhões e se meteu na pele de Lara para não o confundirem com o Sr. de Rothschild. E ela, viram-na?

- Ela, quem? - perguntou Franz, sorrindo.

- A bela grega de ontem.

- Não. Ouvimos, se me não engano, o som da sua guzla, mas ela conservou-se absolutamente invisível.

- Isto é, quando diz invisível, meu caro Franz - observou Albert -, é apenas para adensar o mistério, não é verdade? Quem acha que era o dominó azul que estava à janela forrada de damasco branco?

- E onde estava essa janela forrada de damasco branco? - perguntou a condessa.

- No Palácio Rospoli.

- O conde tinha portanto três janelas no palácio Rospoli?

- Tinha. Passou na rua do Corso?

- Sem dúvida.

- Não notou duas janelas forradas de damasco amarelo e uma janela forrada de damasco branco com uma cruz vermelha? Essas três janelas eram do conde.

- Ah, sim?... Mas então esse homem é um nababo! Sabem quanto custam três janelas como essas para os oito dias de Carnaval e no Palácio Rospoli, isto é, na melhor situação do Corso?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069