O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 362 / 1080

Ao mesmo tempo, quatro dos nossos que estavam escondidos nas margens do Almo correram para as portinholas. O francês bem queria defender-se, até ia estrangulando Beppo, segundo ouvi dizer, mas não podia fazer nada contra cinco homens armados. Teve de se render. Mandaram-no descer da carruagem, levaram-no pela margem do ribeiro e conduziram-no à presença de Teresa e de Luigi, que o esperavam nas catacumbas de S. Sebastião.

- Bom - disse o conde, virando-se para Franz -, trata-se: de uma história como outra qualquer. Que diz o senhor, que é mais versado do que eu nessas coisas?

- Digo que acharia a história deveras divertida - respondeu Franz - se tivesse acontecido a outro em vez de ao pobre Albert.

- A verdade declarou o conde - é que se o senhor não me tivesse encontrado no hotel a aventura custaria um bocadinho cara ao seu amigo. Mas tranquilize-se, tudo quanto lhe custará será um pouco de medo.

- Sempre vamos buscá-lo? - perguntou Franz.

- De certo, tanto mais que se encontra num sítio deveras pitoresco. Conhece as catacumbas de S. Sebastião? - Não, nunca lá fui, mas tencionava lá ir um dia.

- Pois aproveite a oportunidade. Seria difícil encontrar outra melhor. Tem a sua carruagem?

- Não.

- Não tem importância. Costumo ter uma atrelada dia e noite.

- Completamente atrelada?

- Sim. Sou um homem muito caprichoso. Confesso-lhe que às vezes me levanto, no fim de jantar ou a meio da noite, e apetece-me partir para qualquer parte do mundo e parto.

O conde tocou a campainha e entrou o seu criado de quarto.

- Mande sair a carruagem da cocheira - ordenou - e veja se as pistolas estão nas bolsas. É inútil acordar o cocheiro, Ali conduzirá.

Pouco depois ouviu-se o ruído da carruagem, que parava diante da porta.

O conde puxou do relógio.

- Meia-noite e meia hora - disse. - Se partíssemos daqui às cinco horas da manhã ainda chegávamos a tempo, mas talvez a demora fizesse passar uma má noite ao seu companheiro. É melhor portanto correr a arrancá-lo das mãos dos infiéis.

Continua decidido a acompanhar-me?

- Mais do que nunca.

- Então, venha.

Franz e o conde saíram, seguidos de Peppino.

Encontraram a carruagem à porta. Ali ocupava o lugar do cocheiro. Franz reconheceu o escravo mudo da gruta de Monte-Cristo.

Franz e o conde subiram para a carruagem, que era um cupé. Peppino sentou-se ao lado de Ali e partiram a galope. Ali recebera as suas instruções antecipadamente, pois meteu pela rua do Corso, atravessou o Campo Vaccino, subiu a Estrada de S. Gregório e chegou à Porta de S Sebastião.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069