O Conde de Monte Cristo - Cap. 39: Os convivas Pág. 386 / 1080

- Na realidade, não sei - confessou Albert. - Quando o convidei, há três meses, estava em Roma. Mas desde então sabe-se lá o que terá andado!

- E acha-o capaz de ser pontual? - perguntou Debray.

- Acho-o capaz de tudo - respondeu Morcerf.

- Note que com os cinco minutos de tolerância já só faltam dez minutos.

- Bom, aproveitá-los-ei para lhos dizer qualquer coisa acerca do meu conviva.

- Perdão - atalhou Beauchamp haverá assunto para um folhetim no que vai contar?

- Sem dúvida, e dos mais curiosos - respondeu Morcerf.

- Diga então, pois já vi que não ponho os pés na Câmara e preciso de qualquer coisa que me compense.

- Eu estava em Roma no último Carnaval... - começou Albert.

- Já sabemos isso - interrompeu-o Beauchamp.

- Sim, mas o que não sabem é que fora raptado por bandidos.

- Já não há bandidos - interveio Debray.

- Isso é que há, e até hediondos, isto é, admiráveis, pois achei-os belos a ponto de meterem medo.

- Vamos, meu caro Albert - tornou a intervir Debray confesse que o seu cozinheiro está atrasado, que as ostras não chegaram ainda de Marennes ou de Ostende e que a exemplo da Sr.ª de Maintenon pretende substituir o prato por uma história. Seja franco, meu caro, pois somos suficientemente bons amigos para lhe perdoar e escutar a sua história, por mais fabulosa que seja.

- E eu repito que por mais fabulosa que seja lhes garanto que é verdadeira de uma ponta a outra. Os bandidos tinham-me portanto raptado e conduzido para um sítio tristíssimo a que chamam as catacumbas de S. Sebastião.

- Conheço-as - declarou Château-Renaud. - Estive quase a apanhar lá as febres.

- Pois eu fiz melhor do que isso - redarguiu Morcerf - apanhei-as realmente. Disseram-me que era seu prisioneiro e que teria de pagar um resgate, uma miséria, quatro mil escudos romanos, vinte e quatro mil libras tornesas... Infelizmente, eu não tinha mais de mil e quinhentos; encontrava-me no fim da viagem e o meu crédito estava esgotado. Escrevi a Franz... (Por Deus, já me esquecia, Franz estava lá e podem perguntar-lhe se altero uma vírgula!) Escrevi pois a Franz dizendo-lhe que se não chegasse até às seis da manhã com os quatro mil escudos, às seis e dez ir-me-ia juntar aos bem-aventurados santos e aos gloriosos mártires na companhia dos quais tinha a honra de me encontrar. Porque o Sr. Luigi Vampa, assim se chamava o meu chefe de bandidos, cumpriria, peço-lhos que acreditem, escrupulosamente a sua palavra.

- Mas Franz chegou com os quatro mil escudos? - perguntou Château-Renaud. - Que diabo, ninguém se atrapalha por causa de quatro mil escudos quando se chama Franz de Epinay ou Albert de Morcerf!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069