O Conde de Monte Cristo - Cap. 39: Os convivas Pág. 388 / 1080

Apenas a respeito das mulheres ficou com as suas dúvidas, pois elas só entraram depois de ele comer haxixe. Portanto, é muito possível que o que tomou por mulheres não fosse mais do que um mero grupo de estátuas.

Os presentes olharam Morcerf com uma expressão que queria dizer. «Então, meu caro, endoideceu ou está a troçar de nós?»

- Com efeito - interveio Morrel, pensativo -, também ouvi contar a um velho marinheiro chamado Penelon qualquer coisa semelhante ao que acaba de dizer o Sr. de Morcerf.

- Ora ainda bem que o Sr. Morrel me ajuda! - exclamou Albert.

- Contraria-os, não é verdade, que ele atire assim um novelo de fio para o meu labirinto?

- Perdão, caro amigo, mas é que você conta-nos coisas tão inverossímeis... - murmurou Debray.

- Porquê? Porque os vossos embaixadores e os vossos cônsules não vos disseram nada a tal respeito? Coitados, não lhes chega o tempo para incomodarem os seus compatriotas que viajam.

- Bom, agora zanga-se e atira-se aos nossos pobres agentes. Meu Deus, com que quer que o protejam? A Câmara diminui-lhos todos os dias os honorários, a ponto de já se não arranjar ninguém para tais cargos. Quer ser embaixador, Albert? Posso mandar nomeá-lo para Constantinopla.

- Não! Para que à primeira intervenção que fizesse a favor de Maomet Ali o sultão me mandar o cordão e os meus secretários me estrangularem?

- Bem vê... - começou Debray.

- Pois vejo, mas tudo isso não impede o meu conde de Monte-Cristo de existir!

- Por Deus, toda a gente existe... Olha o grande milagre!

- Toda a gente existe, sem dúvida, mas não em semelhantes condições. Nem toda a gente possui escravos negros, galerias de quadros principescas, armas riquíssimas, cavalos de seis mil francos cada um, amantes gregas!

- Viu-a, a amante grega?

- Vi. Vi-a e ouvi-a. Vi-a no Teatro Vallo e ouvi-a um dia em que almocei em casa do conde.

- Come, portanto, o seu homem extraordinário?

- Palavra que se come é tão pouco que nem vale a pena falar disso.

- Verão, é um vampiro...

- Riam à vontade. Essa era também a opinião da condessa G... que, como sabem, conheceu Lorde Ruthwen.

- Bonito! - exclamou Beauchamp. - Ora aí está como um homem que não é jornalista conseguiu descobrir o equivalente da famosa serpente do mar Constitutionnel. Um vampiro! Não há dúvida que é perfeito.

- Olhos amarelados, cuja pupila diminui e se dilata à vontade - disse Debray. - ângulo facial desenvolvido, testa magnífica, tez lívida, barba preta, dentes brancos e agudos, cortesia a condizer...





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069