O Conde de Monte Cristo - Cap. 41: A apresentação Pág. 412 / 1080

- As suas maneiras são excelentes - declarou a condessa. Pelo menos segundo me foi dado apreciar nos curtos instantes em que cá esteve.

- Oh, perfeitas, minha mãe! Tão perfeitas até que excedem em muito tudo o que tenho conhecido de mais aristocrático nas três nobrezas mais orgulhosas da Europa, isto é, na nobreza inglesa, na nobreza espanhola e na nobreza alemã.

A condessa reflectiu um instante e depois de curta hesitação prosseguiu:

- Como compreenderás, meu querido Albert, a pergunta que te vou fazer é uma pergunta de mãe. Conviveste de perto com o Sr. de Monte-Cristo e possuis a perspicácia, a experiência do mundo e mais tacto do que é habitual na tua idade. Achas que o conde é o que parece realmente ser?

- E que parece ele?

- Tu próprio o disseste há pouco: um grande senhor.

- Disse-lhe, minha mãe, que o consideravam como tal.

- Mas qual é a tua opinião, Albert?

- Confesso-lhe que não tenho opinião bem assente a seu respeito. Julgo que é maltez.

- Não te perguntei qual era a sua origem; interrogo-te acerca da sua pessoa.

- Ah, acerca da sua pessoa é diferente! Tenho visto tantas coisas estranhas nele que, se quer que lhe diga o que penso, respondo-lhe que o compararia sem custo com um desses homens de Byron, que a desgraça marcou com o seu selo fatal; com um Manfredo, com um Lara, com um Werner; com um desses «restos», enfim, de qualquer velha família que, privados da fortuna paterna, arranjaram outra a poder do seu espírito aventureiro, que os colocou acima das leis da sociedade.

- Dizes...

- Digo que Monte-Cristo é uma ilha no meio do Mediterrâneo, sem habitantes, sem guarnição, covil de contrabandistas de todas as nações, de piratas de todos os países. Quem sabe se esses dignos industriais não pagam ao seu senhor um direito de asilo?

- É possível - admitiu a condessa, pensativa.

- Mas não importa - prosseguiu o jovem. - Contrabandista ou não, tem de admitir, minha mãe, uma vez que o viu, que o Sr. Conde de Monte-Cristo é um homem notável e que terá o maior êxito nos salões de Paris. Olhe, esta manhã mesmo, nos meus aposentos, inaugurou a sua entrada na sociedade enchendo de estupefacção até Château-Renaud.

- Que idade pode ter o conde? - perguntou Mercédès, ligando visivelmente grande importância à pergunta.

- Trinta e cinco a trinta e seis anos, minha mãe.

- Tão novo? É impossível! - redarguiu Mercédès, respondendo ao mesmo tempo ao que lhe dizia Albert e ao que dizia o seu próprio pensamento.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069