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Capítulo 44: A vendetta

Página 429

- Não, Excelência - respondeu Bertuccio. - Como vai ver, não tive tempo de o descobrir.

- Continue.

- Naquela noite - prosseguiu Bertuccio - talvez tivesse podido matar o procurador régio; mas ainda não conhecia suficientemente o jardim, em todos os seus pormenores, e receava não conseguir fugir se o não matasse depressa e alguém acorresse aos seus gritos. Adiei, pois, a morte para o próximo encontro, e para que nada me escapasse aluguei um quartinho com janela para a rua que corria ao longo do muro do jardim.

«Três dias depois, por volta das sete horas da tarde, vi sair da casa um criado a cavalo, que tomou a galope o caminho que levava à estrada de Sèvres. Presumi que ia a Versalhes e não me enganava. Três horas mais tarde, outro homem a pé, envolto numa capa, abriu a portinha, que se fechou atrás dele.

«Desci rapidamente. Embora não tivesse visto o rosto de Villefort, reconheci-o pelas pulsações do meu coração. Atravessei a rua e alcancei um marco colocado à esquina do muro e com o auxílio do qual olhara pela primeira vez para o jardim.

«Desta vez não me limitei a olhar - tirei a minha navalha da algibeira, verifiquei se a ponta estava bem afiada e saltei por cima do muro.

«O meu primeiro cuidado foi correr para a porta. Tinha deixado a chave na fechadura e tomara a simples precaução de lhe dar duas voltas.

«Nada dificultava a minha fuga por aquele lado. Pus-me a estudar o local. O jardim formava um rectângulo, tinha um relvado de fina relva inglesa no meio e aos cantos do relvado havia maciços de árvores de folhagem abundante e todas entrelaçadas de flores de Outono.

«Para ir de casa à portinha ou da portinha à casa, quer entrasse, quer saísse, o Sr. de Villefort era obrigado a passar junto de um dos maciços.

«Estávamos em fins de Setembro. O vento soprava com força. Um luar pálido e velado a cada instante por grossas nuvens que deslizavam rapidamente no céu clareava o saibro das alamedas que conduziam a casa, mas não conseguia penetrar nos maciços frondosos, nos quais se poderia esconder um homem sem receio de ser descoberto.

«Ocultei-me no que ficava mais perto da passagem de Villefort. Mal me instalei, julguei ouvir como que gemidos no meio das rajadas de vento que curvavam as árvores por cima da minha cabeça. Mas, como sabe, ou antes, não sabe, Sr. Conde, aquele que espera o momento de cometer um assassínio julga sempre ouvir gritos abafados no ar. Passaram duas horas durante as quais, por várias vezes, me pareceu ouvir os mesmos gemidos. Deu a meia-noite.

«Quando o último som vibrava ainda, lúgubre e ressoante, vi um clarão iluminar as janelas da escada oculta pela qual descemos há pouco.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 429

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069