O Conde de Monte Cristo - Cap. 46: O crédito ilimitado Pág. 458 / 1080

Quando souber de alguma, irá vê-la, e se lhe agradar, comprá-la-á em seu nome. A corveta deve estar a caminho de Fécamp, não é verdade?

- Vi-a fazer-se ao mar na própria tarde em que saímos de Marselha.

- E o iate?

- O iate tem ordem para permanecer em Martigues.

- Bem, comunique de vez em quando com os dois patrões que os comandam a fim de não adormecerem.

- E quanto ao navio a vapor?

- O que está em Châlons?

- Sim.

- As mesmas ordens que para os dois navios à vela.

- Muito bem!

-Logo que a propriedade esteja comprada, instalarei mudas de cavalos de dez em dez léguas na estrada do Norte e na estrada do Meio-Dia.

- V. Ex.a pode contar comigo.

O conde fez um sinal de satisfação, desceu os degraus e entrou na carruagem, a qual, levada pelo trote magnífico da parelha, só parou diante do palácio do banqueiro.

Danglars presidia a uma comissão nomeada para estudar a instalação de uma via férrea quando lhe anunciaram a visita do conde de Monte-Cristo. A sessão estava, de resto, quase a terminar.

Ao ouvir o nome do conde, levantou-se.

- Meus senhores - disse, dirigindo-se aos colegas, muitos dos quais eram respeitáveis membros de uma ou de outra Câmara -, perdoem-me deixá-los assim, mas imaginem que a Casa Thomson & French, de Roma, me recomenda um tal conde de Monte-Cristo, a quem abre em minha casa um crédito ilimitado.

É a brincadeira mais engraçada que os meus correspondentes estrangeiros até agora se permitiram ter para comigo! Compreendem, fiquei cheio de curiosidade e ainda estou. Passei esta manhã por casa do pretenso conde. Se fosse um verdadeiro conde, não seria tão rico, como calculam. O cavalheiro não estava visível. Que lhes parece? Não acham que mestre Monte-Cristo se dá ares de alteza ou de mulher bonita? Fora isso, a casa situada nos Campos Elísios, e que lhe pertence, segundo estou informado, pareceu-me bem. Mas um crédito ilimitado - prosseguiu Danglars, soltando um riso desagradável -torna muito exigente o banqueiro junto do qual o crédito é aberto. Tenho portanto pressa de ver o nosso homem. Julgo-me mistificado. Mas os meus correspondentes não sabem com quem estão metidos. Rirá melhor quem rir no fim.

Ditas estas palavras, com uma ênfase que dilatou as narinas do Sr. Barão, este deixou os seus hóspedes e passou a uma sala pintada de branco e dourado, famosa na Chaussée-d'Antin.

Fora para lá que ordenara levassem o visitante, a fim de o deslumbrar logo de entrada.

O conde estava de pé, a examinar cópias de Albane e Fattore, que tinham feito passar aos olhos do banqueiro por originais e que por isso mesmo destoavam gritantemente dos adornos de todas as cores que guarneciam o tecto.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069