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Capítulo 7: O interrogatório

Página 49
Vivemos numa época difícil, senhor, em que a impunidade seria um exemplo fatal. Nesse caso, serei obrigado a cumprir o meu dever.

E em seguida, como tivesse chegado à porta de sua casa, contígua ao Palácio da Justiça, entrou majestosamente, depois de cumprimentar com uma polidez gelada o pobre armador, que ficou como que petrificado no lugar onde o deixara Villefort

A antecâmara estava cheia de gendarmes e agentes de polícia.

No meio deles, guardado à vista e envolto em olhares chamejantes de ódio, via-se de pé, calmo e imóvel, o prisioneiro.

Villefort atravessou a antecâmara, deitou um olhar oblíquo a Dantès e, depois de receber um maço de papéis que lhe entregou um agente, desapareceu dizendo:

- Tragam o prisioneiro.

Por mais rápido que tivesse sido esse olhar, bastara a Villefort para fazer uma ideia do homem que ia interrogar. Reconhecera a inteligência naquela testa ampla e franca, a coragem naquele olhar fixo e naquele sobrolho franzido e a sinceridade naqueles lábios carnudos e entreabertos que deixavam ver uma dupla fileira de dentes brancos como o marfim.

A primeira impressão fora favorável a Dantès; mas Villefort ouvira dizer tantas vezes, como uma frase de profundo sentido político que se devia desconfiar do primeiro impulso, visto ser o mais prudente, que aplicou a máxima à impressão sem ter em conta a diferença que havia entre as duas palavras.

Sufocou portanto os bons instintos que lhe queriam invadir o coração para daí lhe tomarem de assalto o espírito, compôs diante do espelho a sua cara dos grandes dias e sentou-se, sombrio e ameaçador, à secretária.

Um instante depois dele entrou Dantès.

O jovem continuava pálido, mas calmo e sorridente. Cumprimentou o seu juiz com natural delicadeza e em seguida procurou com os olhos uma cadeira, como se estivesse na sala do armador Morrel.

Só então encontrou o olhar inexpressivo de Villefort, esse olhar característico dos magistrados, que não querem que lhes leiam o pensamento e que por isso transformam os olhos num vidro despolido. Aquele olhar revelou-lhe que se encontrava diante da justiça, figura de maneiras sombrias.

- Quem é e como se chama? - perguntou Villefort, folheando os apontamentos que o agente lhe entregara ao entrar e que no espaço de uma hora se tinham tornado volumosos, de tal modo a corrupção da espionagem se apodera depressa do corpo dos infelizes chamados arguidos.

- Chamo-me Edmond Dantès, senhor - respondeu o jovem, em voz calma e sonora -, e sou imediato a bordo do navio Pharaon pertencente à firma Morrel & Filhos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 49

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069