O Conde de Monte Cristo - Cap. 1: Marselha - A Chegada Pág. 5 / 1080

- Então, parece que lhe deu boas razões acerca da sua escala em Porto Ferraio....

- Excelentes, meu caro Sr. Danglars.

- Ah, tanto melhor! - exclamou este. - Porque é sempre desagradável ver um companheiro não cumprir o seu dever.

- Dantès cumpriu o seu - respondeu o armador - e não há nada a dizer.

- A propósito do comandante Leclère, não lhe entregou uma carta dele?

- Quem?

- Dantès.

- A mim, não! Quer dizer que havia uma carta?

- Julgava que, além do pacote, o comandante Leclère lhe confiara uma carta.

- De que pacote fala, Danglars?

- Daquele que Dantès entregou ao passar por Porto Ferraio.

- Como sabe que tinha de entregar um pacote em Porto Ferraio?

Danglars corou.

- Passava diante da porta do comandante, que estava entreaberta, e vi-o entregar o pacote e a carta a Dantès.

- Não me disse nada a esse respeito - redarguiu o armador mas se tem essa carta entregar-ma-á.

Danglars refletiu um instante.

- Nesse caso, Sr. Morrel, peço-lhe que não diga nada disto a Dantès. Provavelmente, enganei-me

Neste momento o jovem regressava. Danglars afastou-se.

- Então, meu caro Dantès, já está livre? - perguntou o armador.

- Estou, sim, senhor.

- Não demorou muito tempo.

- Pois não. Entreguei aos funcionários da Alfândega a lista das nossas mercadorias, e quanto à sanidade mandara com o piloto um homem a quem entreguei os nossos documentos.

- Então já não tem mais nada que fazer aqui?

Dantès deitou um olhar rápido à sua volta.

- Não, está tudo em ordem – respondeu.

- Nesse caso, pode vir jantar connosco?

- Desculpe-me, Sr. Morrel, desculpe-me, peço-lhe, mas devo a minha primeira visita a meu pai. Mas nem por isso fico menos reconhecido pela honra que me concede.

- É justo, Dantès, é justo. Sei que é um bom filho.

- E... sabe se ele está bem... o meu pai? - perguntou Dantès, com certa hesitação.

- Creio que sim, meu caro Edmond, embora o não tenha visto.

- Sim, gosta de estar fechado no seu quartito.

- O que prova, pelo menos, que não lhe faltou nada durante a sua ausência.

Dantès sorriu.

- Meu pai é orgulhoso, senhor. Mesmo que lhe faltasse tudo duvido que pedisse qualquer coisa a quem quer que fosse no mundo, excepto a Deus.

- Bom, depois dessa primeira visita contamos consigo.

- Desculpe-me novamente, Sr. Morrel, mas depois desta primeira visita tenho uma segunda que me não é menos grata ao coração.

- Ah, é verdade, Dantès? Esquecia-me de que há nos Catalães alguém que o deve esperar com não menos impaciência do que o seu pai: a bela Mercédès.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069