O Conde de Monte Cristo - Cap. 73: A promessa Pág. 682 / 1080

Capítulo LXXIII - A promessa

Era efectivamente Morrel, que desde a véspera não sossegava.

Com o instinto peculiar aos apaixonados e às mães, adivinhara que depois do regresso da Sr.ª de Saint-Méran e da morte do marquês se passaria qualquer coisa em casa de Villefort que interessaria ao seu amor por Valentine.

Como vamos ver, os seus pressentimentos tinham-se concretizado e já não era uma simples inquietação que o trazia, sobressaltado e trémulo, ao portão dos castanheiros.

Mas Valentine não estava prevenida de que Morrel a esperava, pois habitualmente ele não vinha àquela hora, e foi por mero acaso ou, se se preferir, por feliz coincidência que a jovem desceu ao jardim. Quando apareceu, Morrel chamou-a e ela correu para o portão.

- O senhor a esta hora? - admirou-se.

- Sim, pobre amiga - respondeu Morrel. - Venho buscar e trazer más notícias.

- Nesse caso, estamos na casa da desgraça - observou Valentine. - Fale, Maximilien. Mas na verdade a soma de sofrimentos é já mais do que suficiente.

- Querida Valentine - começou Morrel, procurando conter a sua própria emoção para falar convenientemente -, ouça-me com atenção, suplico-lhe, porque tudo o que lhe vou dizer é solene. Quando conta casar?

- Escute - disse por sua vez Valentine. - Não quero esconder-lhe nada, Maximilien. Esta manhã falou-se do meu casamento, e a minha avó, com quem contava como um apoio que me não faltaria, não só se declarou a favor do casamento, como ainda o deseja a tal ponto que só o facto de o Sr. de Epinay estar ausente o atrasa. Mas no dia seguinte ao da sua chegada o contrato será assinado.

Um doloroso suspiro saiu do peito do rapaz, que olhou longa e tristemente a jovem.

- Meu Deus - redarguiu em voz baixa -, é horrível ouvir dizer tranquilamente à mulher que se ama: «O momento do seu suplício está marcado; terá lugar dentro de poucas horas». Mas não importa, tem de ser assim e pela minha parte não lhe levantarei nenhuma oposição. Pois bem, uma vez que, segundo diz, só se espera a chegada do Sr. de Epinay para assinar o contrato e a Valentine será dele no dia seguinte ao da chegada, será já amanhã que pertencerá ao Sr. de Epinay, pois ele chegou a Paris esta manhã

Valentine soltou um grito.

- Encontrava-me em casa de Monte-Cristo há uma hora - disse Morrel. - Conversávamos, ele a respeito do luto desta casa e eu acerca do luto de Valentine, quando de súbito rodou uma carruagem no pátio. Ouça: até ali não acreditava em pressentimentos, Valentine; mas agora sou forçado a acreditar. O ruído daquela carruagem arrepiou-me; pouco depois ouvi passos na escada.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069