O Conde de Monte Cristo - Cap. 73: A promessa Pág. 684 / 1080

Não quer contrariar o Sr. de Villefort nem quer desobedecer à marquesa e amanhã assinará o contrato que a ligará ao seu marido.

- Mas, meu Deus, posso porventura fazer outra coisa?

- Não apele para mim, menina, pois sou um mau juiz nessa causa e o meu egoísmo cegar-me-à - respondeu Morrel, cuja voz abafada e os punhos cerrados denotavam exasperação crescente.

- Que me proporia, Morrel, se me encontrasse disposta a aceitar a sua proposta? Vamos, responda. Não basta dizer que faço mal, é preciso dar um conselho.

- Diz-me isso seriamente, Valentine? Quer de facto que a aconselhe? Responda.

- Decerto, querido Maximilien, porque se o conselho for bom, segui-lo-ei. Bem sabe que tenho em alta conta a sua opinião.

- Valentine - disse Morrel, acabando de afastar uma tábua já solta -, dê-me a sua mão como prova de que me perdoa a minha irritação. Como vê, estou com a cabeça num caos e há uma hora que as ideias mais disparatadas me atravessam o espírito. Oh, no caso de recusar o meu conselho!...

- Venha esse conselho.

- Aqui o tem, Valentine.

A jovem ergueu os olhos ao céu e soltou um suspiro.

- Sou livre - prosseguiu Maximilien - e suficientemente rico para nós dois. Juro-lhe que será minha mulher antes de os meus lábios lhe pousarem na testa.

- O senhor assusta-me - disse a jovem.

- Venha comigo - continuou Morrel. - Levá-la-ei para casa da minha irmã, que é digna de ser sua irmã. Embarcaremos para Argel, para Inglaterra ou para a América, senão preferir que nos retiremos para qualquer província e aí esperaremos, para regressar a Paris, que os nossos amigos vençam a resistência da sua família.

Valentine abanou a cabeça.

- Já o esperava, Maximilien - disse. - É um conselho de insensato e eu seria ainda mais insensata do que o senhor se o não detivesse imediatamente com esta simples palavra: impossível, Morrel, impossível.

- Seguirá portanto o seu destino tal como o acaso lho traçará e sem sequer tentar combatê-lo? - perguntou Morrel, contristado.

- Seguirei. Nem que tenha de morrer por isso!

- Está bem, Valentine - admitiu Maximilien. - Repito-lhe mais uma vez que tem razão. De facto, eu é que sou um louco, enquanto a Valentine me prova que a paixão cega os espíritos mais justos. Obrigado, portanto, a si que raciocina sem paixão. Pronto, o caso está arrumado: amanhã será irrevogavelmente prometida ao Sr. Franz de Epinay, não por via dessa formalidade teatral inventada para desenlace das comédias, e que se chama a assinatura do contrato, mas sim por sua própria vontade.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069