O Conde de Monte Cristo - Cap. 75: A ata da sessão Pág. 717 / 1080

A comunicação que lhe fizemos baseou-se na confiança depositada no senhor e, por consequência, num sentimento que o honrava. Verificamos agora que estávamos enganados. Um título e um posto ligaram-no ao novo governo que queremos derrubar. Não o obrigaremos a prestar-nos o seu concurso; não recrutaremos ninguém contra a sua consciência e a sua vontade; mas obrigá-lo-emos a proceder como um homem digno, mesmo no caso de não estar disposto a isso.

»- Acham que é ser um homem digno conhecer esta conspiração e não a revelar? Chamo a isso ser cúmplice dos senhores. Como vêem, sou ainda mais franco do que os presentes...»

- Ah, meu pai, compreendo agora porque te assassinaram! - exclamou Franz.

Valentine não se pôde impedir de lançar uma olhadela a Franz. O rapaz estava realmente belo no seu entusiasmo filial.

Villefort passeava de um lado para o outro atrás dele. Noirtier acompanhava com a vista a expressão de cada um e conservava a sua atitude digna e severa.

Franz voltou ao manuscrito e continuou:

- «Senhor - disse o presidente -, pediram-lhe que comparecesse nesta assembleia, onde ninguém o trouxe à força.

Propuseram-lhe vendar-lhe os olhos e o senhor aceitou. Quando acedeu a ambas as coisas, sabia perfeitamente que não nos dedicávamos a consolidar o trono de Luís XVIII, pois de contrário não poríamos tanto cuidado em nos escondermos da Polícia. Agora, como deve compreender, seria demasiado cómodo colocar uma máscara para surpreender segredos alheios e em seguida não ter mais do que tirar essa máscara para perder aqueles que confiaram no senhor. Não, não! Antes de mais nada, vai dizer-nos francamente se é pelo rei de acaso que reina neste momento ou por S. M. o imperador.

» - Sou monárquico - redarguiu o general. - Prestei juramento a Luís XVIII e mantenho esse juramento.

»Estas palavras foram seguidas de um murmúrio geral e pôde ver-se, pelos olhares de numerosos membros do clube, que estavam dispostos a fazer o Sr. de Epinay arrepender-se das suas palavras imprudentes.

»O presidente levantou-se de novo e impôs silêncio.

»- Senhor - disse-lhe -, é um homem suficientemente responsável e sensato para compreender as consequências da situação em que nos encontramos uns perante os outros, e a sua própria franqueza nos dita as condições que nos resta apresentar-lhe. O senhor vai portanto jurar pela sua honra nada revelar do que ouviu.

»O general levou a mão à espada e gritou:

»- Se quer falar de honra, comece por não menosprezar as suas leis nem impor nada pela violência!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069