O Conde de Monte Cristo - Cap. 75: A ata da sessão Pág. 716 / 1080

Acedeu imediatamente ao convite e pareceu ficar muito impressionado por encontrar tão grande número de caras conhecidas numa sociedade de que até ali nem sequer suspeitara a existência.

»Interrogaram-no acerca dos seus sentimentos, mas limitou-se a responder que as cartas da ilha de Elba lhos deviam ter dado a conhecer...”

Franz interrompeu-se.

- O meu pai era monárquico. Não havia necessidade de o interrogarem acerca dos seus pensamentos; eram conhecidos.

- E daí vinha a minha ligação com o seu pai, meu caro Sr. Franz - declarou Villefort. - As pessoas ligam-se facilmente quando partilham as mesmas opiniões.

- Leia - continuou a dizer o olhar do velho.

Franz prosseguiu:

- «O presidente tomou então a palavra para convidar o general a exprimir-se mais explicitamente, mas o Sr. de Quesnel respondeu que desejava antes de mais nada saber o que pretendiam dele.

»Foi então dado conhecimento ao general da carta da ilha de Elba que o recomendava ao clube como um homem com cujo concurso se podia contar. Um parágrafo inteiro expunha o provável regresso da ilha de Elba e prometia nova carta e mais amplos pormenores à chegada do Pharaon, navio pertencente ao armador Morrel, de Marselha, e cujo comandante era inteiramente dedicado ao imperador.

»Durante toda esta leitura, o general, com o qual se julgara poder contar como um irmão, deu pelo contrário visíveis sinais de descontentamento e repugnância.

»Terminada a leitura, permaneceu silencioso e de sobrolho franzido.

»- Então, que diz a esta carta, Sr. General? - perguntou o presidente.

»- Digo que ainda há tão pouco tempo se prestou juramento ao rei Luís XVIII, que não justifica violá-lo já em benefício do ex-imperador.

»Desta vez a resposta era tão clara que ninguém se podia enganar a respeito dos seus sentimentos.

»- General - disse o presidente -, para nós não existe o rei Luís XVIII, tal como não existe ex-imperador. Para nós só existe Sua Majestade o imperador e rei, afastado há dez meses da França, seu Estado, pela violência e pela traição.

»- Perdão, senhores - redarguiu o general. - É possível que para vós não exista o rei Luís XVIII, mas existe para mim. Foi ele quem me fez barão e marechal-de-campo e nunca esquecerei que é ao seu auspicioso regresso a França que devo ambos os títulos.

»- Senhor, tome cautela com o que diz - recomendou-lhe o presidente, em tom muito sério e levantando-se. - As suas palavras demonstram-nos claramente que se enganaram a seu respeito na ilha de Elba e que nos enganaram.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069