O Conde de Monte Cristo - Cap. 75: A ata da sessão Pág. 718 / 1080

»- E o senhor - continuou o presidente, com uma calma talvez mais terrível do que a cólera do general - não toque na sua espada; é um conselho que lhe dou.

»O general viu à sua volta olhares que denotavam um princípio de inquietação. No entanto, nem mesmo assim cedeu. Pelo contrário, apelando para toda a sua energia, exclamou:

»- Não jurarei!

»- Então, senhor, morrerá - respondeu tranquilamente o presidente.

»O Sr. de Epinay empalideceu profundamente. Olhou segunda vez à sua volta. Vários membros do clube cochichavam e procuravam armas debaixo das capas.

»- General - disse o presidente -, esteja tranquilo. Encontra-se entre pessoas honradas, que procurarão por todos os meios convencê-lo antes de recorrerem contra o senhor a medidas extremas. Mas também, como o senhor mesmo disse, está entre conspiradores, conhece o nosso segredo e tem de no-lo guardar.

»A estas palavras seguiu-se um silêncio cheio de significado. E como o general não respondesse nada, o presidente ordenou aos porteiros:

»- Fechem as portas!

»O mesmo silêncio mortal sucedeu a estas palavras.

»Então o general adiantou-se e disse, fazendo um violento esforço sobre si mesmo:

»- Tenho um filho e devo pensar nele quando me encontro no meio de assassinos.

»- General - disse com nobreza o presidente da assembleia -, um só homem tem sempre o direito de insultar cinquenta: é o privilégio da fraqueza. Simplesmente, faz mal em usar esse direito. Creia no que lhe digo, general: jure e não nos insulte.

»O general, mais uma vez dominado pela superioridade do presidente da assembleia, hesitou um instante; mas por fim aproximou-se da mesa do presidente e perguntou:

»- Qual é a fórmula?

»- Esta: "Juro pela minha honra jamais revelar a quem quer que seja no mundo o que vi e ouvi em 5 de Fevereiro de 1815, entre as nove e as dez horas da noite, e declaro merecer a morte se violar o meu juramento."

»O general pareceu experimentar um frémito nervoso, que o impediu de responder durante alguns segundos. Por fim, contendo uma repugnância evidente, proferiu o juramento exigido, mas em voz tão baixa que mal se ouviu. Por isso, vários membros exigiram que o repetisse em voz mais alta e distinta, o que foi feito.

»- Agora desejo retirar-me - disse o general. - Estou finalmente livre?

»O presidente levantou-se, designou três membros da assembleia para o acompanharem e subiu para a carruagem com o general, depois de lhe vendar os olhos. O cocheiro que os trouxera fazia parte do número desses três membros.

»Os outros membros do clube separaram-se em silêncio.

»- Aonde quer que o reconduzamos? - perguntou o presidente.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069