»- E o senhor - continuou o presidente, com uma calma talvez mais terrível do que a cólera do general - não toque na sua espada; é um conselho que lhe dou.
»O general viu à sua volta olhares que denotavam um princípio de inquietação. No entanto, nem mesmo assim cedeu. Pelo contrário, apelando para toda a sua energia, exclamou:
»- Não jurarei!
»- Então, senhor, morrerá - respondeu tranquilamente o presidente.
»O Sr. de Epinay empalideceu profundamente. Olhou segunda vez à sua volta. Vários membros do clube cochichavam e procuravam armas debaixo das capas.
»- General - disse o presidente -, esteja tranquilo. Encontra-se entre pessoas honradas, que procurarão por todos os meios convencê-lo antes de recorrerem contra o senhor a medidas extremas. Mas também, como o senhor mesmo disse, está entre conspiradores, conhece o nosso segredo e tem de no-lo guardar.
»A estas palavras seguiu-se um silêncio cheio de significado. E como o general não respondesse nada, o presidente ordenou aos porteiros:
»- Fechem as portas!
»O mesmo silêncio mortal sucedeu a estas palavras.
»Então o general adiantou-se e disse, fazendo um violento esforço sobre si mesmo:
»- Tenho um filho e devo pensar nele quando me encontro no meio de assassinos.
»- General - disse com nobreza o presidente da assembleia -, um só homem tem sempre o direito de insultar cinquenta: é o privilégio da fraqueza. Simplesmente, faz mal em usar esse direito. Creia no que lhe digo, general: jure e não nos insulte.
»O general, mais uma vez dominado pela superioridade do presidente da assembleia, hesitou um instante; mas por fim aproximou-se da mesa do presidente e perguntou:
»- Qual é a fórmula?
»- Esta: "Juro pela minha honra jamais revelar a quem quer que seja no mundo o que vi e ouvi em 5 de Fevereiro de 1815, entre as nove e as dez horas da noite, e declaro merecer a morte se violar o meu juramento."
»O general pareceu experimentar um frémito nervoso, que o impediu de responder durante alguns segundos. Por fim, contendo uma repugnância evidente, proferiu o juramento exigido, mas em voz tão baixa que mal se ouviu. Por isso, vários membros exigiram que o repetisse em voz mais alta e distinta, o que foi feito.
»- Agora desejo retirar-me - disse o general. - Estou finalmente livre?
»O presidente levantou-se, designou três membros da assembleia para o acompanharem e subiu para a carruagem com o general, depois de lhe vendar os olhos. O cocheiro que os trouxera fazia parte do número desses três membros.
»Os outros membros do clube separaram-se em silêncio.
»- Aonde quer que o reconduzamos? - perguntou o presidente.