O Conde de Monte Cristo - Cap. 77: Haydée Pág. 735 / 1080

- E é sua escrava?

- Oh, meu Deus, é!

- Como é possível?

- Ora essa, comprei-a ao passar um dia pelo Mercado de Constantinopla.

- Esplêndido! Consigo, meu caro conde, não se vive, sonha-se. Agora ouça: é muito indiscreto o que lhe vou pedir...

- Peça sempre.

- Mas uma vez que sai com ela, que a leva à ópera...

- E depois?

- Posso arriscar-me a pedir-lhe isto?

- O senhor pode arriscar-se a pedir-me tudo.

- Nesse caso, meu caro conde, apresente-me à sua princesa.

- Com muito prazer. Mas com duas condições.

- Aceito-as antecipadamente.

- A primeira é que não revelará a ninguém essa apresentação.

- Muito bem!

- Morcerf estendeu a mão.

- Juro-o!

- A segunda é que não lhe dirá que o seu pai serviu o dela.

- Juro-o também.

- Óptimo, visconde. Não se esquecerá desses dois juramentos, pois não?

- Oh! - exclamou Albert.

- Muito bem. Sei que é um homem de honra.

O conde tocou de novo a campainha. Ali apareceu.

- Previne Haydée - disse-lhe Monte-Cristo - de que vou tomar o café com ela e dá-lhe a entender que peço licença para lhe apresentar um dos meus amigos.

Ali inclinou-se e saiu.

- Portanto, está combinado, nada de perguntas directas caro visconde. Se desejar saber alguma coisa, pergunte-a a mim e eu perguntá-la-ei a ela.

- Está combinado.

Ali reapareceu pela terceira vez e manteve o reposteiro levantado para indicar ao amo e a Albert que podiam passar.

- Entremos - disse Monte-Cristo.

Albert passou a mão pelo cabelo e cofiou o bigode. O conde pegou no chapéu, calçou as luvas e precedeu Albert nos aposentos que Ali guardava como uma sentinela avançada e que defendiam como um posto as três criadas de quarto francesas, comandadas por Myrtho.

Haydée esperava na primeira divisão, que era a sala, com os olhos muito abertos de surpresa. Porque era a primeira vez que outro homem além de Monte-Cristo penetrava nos seus aposentos. A jovem estava sentada num sofá, a um canto, com as pernas cruzadas debaixo do corpo, e fizera por assim dizer um ninho nos estofos de seda listrados e bordados, os mais ricos do Oriente. Junto dela encontrava-se o instrumento cujos sons a tinham denunciado. Estava encantadora assim.

Ao ver Monte-Cristo, levantou-se com o duplo sorriso de filha e amante que só ela possuía. Monte-Cristo aproximou-se e estendeu-lhe a mão, que ela, como de costume, beijou.

Albert ficara ao pé da porta, dominado por aquela beleza estranha que via pela primeira vez e de que se não podia fazer qualquer ideia em França.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069