Eu, confesso, estava embaraçado. A minha situação era um pouco pedante. Representar eu ali o marido, a família, o dever, diante de duas criaturas jovens,
belas, namoradas, e ser eu, aos vinte e quatro anos, ardente e apaixonado, o encarregado de fazer a polícia daquele romance simpático! à la grace de Dieu! O mar é largo, o céu profundo, a honra existe, daqui a duas horas estamos em Gozzo, passeamos, rimos, jantamos, e ao anoitecer, quando Deus espalhar o seu rebanho de estrelas, voltaremos na viração e na fosforescência, calados, ouvindo o piloto árabe cantar as doces melopeias da Síria, ao ruido languido da maresia…
Ritmel tinha descido a dar as ordens para o almoço. A condessa ficara de pé, à proa, com um vestido curto de xadrez, botinas altas, envolta numa manta escocesa, de largas pregas. Nunca eu a vira tão linda.
Costeávamos Malta com vento oeste.
Aproximamo-nos da ilha de Cumino. Ritmel veio-nos dizer que deveríamos almoçar, e que ao fim de meia hora desembarcávamos em Gozzo, na Cale Magiara; iriamos ver as curiosidades da ilha, tornaríamos a embarcar para tornear Gozzo, e ver as terríveis cavernas, onde o mar se abisma e se perde, e ao anoitecer tocaríamos o cais de La Valete.
O almoço foi muito alegre. Havia Champagne, um Reno adorável, um guisado árabe e um piano na camara. Catain Ritmel, cujo aspeto me parecia ter uma preocupação inexplicável, fez ao piano depois do almoço intermináveis improvisações. Caminhávamos sempre. Casualmente, tirei o relógio, e tive um sobressalto! Havia duas horas e meia que tínhamos descido! Ora quando o almoço começara, faltava-nos meia hora para desembarcar em Magiara! Porque seguíamos então? Subi rapidamente à tolda. O piloto árabe estava ao leme.