Não se via quase a terra: íamos no mar alto, navegando com uma extraordinária velocidade sob o vento.
- Onde está Gozzo? gritei ao árabe em inglês, depois em francês, depois em italiano.
O árabe nem sequer se dignou olhar-me. Neste momento Ritmel e a condessa subiam.
- Onde está Gozzo? perguntei eu a Ritmel.
- Há talvez uma bruma, respondeu ele vagamente e voltando o rosto.
O horizonte porém estava limpo, puro, sem mistério, a perder de vista. Ao longe via-se uma sombra indefinida que denunciava a terra: e nós afastávamo-nos dela!
Corri à bussola. Navegávamos para Oeste.
- Navegamos para Oeste, Catain Ritmel! afastámo-nos de Malta! Que é isto? Para onde vamos?
Ritmel olhou longamente a condessa, depois a mim e disse:
- Vamos para Alexandria.
Num relance compreendi tudo. Ritmel fugia com a Condessa!…
Eu fitei Ritmel, e disse-lhe tremendo todo:
- Isso é uma infâmia!
Ele empalideceu terrivelmente; mas a condessa, interpondo-se, com uma voz vibrante:
- Não! sou eu! Sou eu que vou para Alexandria.
- Nesse caso sou eu o infame, prima.
Houve um silêncio. Os olhos da condessa estavam húmidos. Correu para mim, tomou-me uma das mãos, murmurou entre soluços:
- Que quer? Ninguém tem culpa. Amo este homem, fujo com ele.
Ritmel tomara-me a outra mão.
- Agora, dizia, é impossível voltar. É um passo dado, irreparável…
Eu estava sucumbido: aquela situação imprevista, deixava-me sem raciocínio, sem voz, sem vontade.
Eu, amigo do conde!… Eu, cúmplice daquela fuga! Além disso, ali, no meio daqueles dois amantes encantadores, que me suplicavam apertando-me as mãos, eu sentia-me ridículo - e isto aumentava o meu desespero. A condessa, no entanto, continuava:
- Primo, disse ela, que importa? Estou desonrada, bem sei.