Na noite seguinte, pela uma hora, eu, sentado à minha secretaria, escrevia para Portugal, quando senti no corredor passos rápidos, e a porta abriu-se violentamente.
Abafei um grito de terror. De pé, à entrada do quarto, lívida, com os cabelos desmanchados, um penteador branco cheio de sangue, estava a condessa.
- Que foi? bradei.
Ela tinha caído num sofá, muda, com os olhos fixos, meio loucos, os dentes trémulos.
Eu borrifava-a de água, tomava-lhe as mãos, falava-lhe baixo, e perguntava-lhe, aterrado, dando-lhe os nomes mais doces para a serenar:
- Que foi, minha querida, que foi?
Via-lhe os vestidos cheios de sangue.
- Feriram-na?
Ela fez um gesto negativo.
- Então? então? disse eu.
A pobre senhora queria falar, erguia-se, sufocava, ansiava, parecia numa agonia.
De repente atirou-se aos meus braços e desatou a chorar.
- Fale, diga, insistia eu.
- Mataram-no, disse ela.
- Mataram quem?
- Ritmel.
- Como? Onde?
- No jardim… Vá!