O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 23: CAPÍTULO XI Pág. 133 / 245

- Juras?

- Juro.

- Quero vê-lo, quero vê-lo já! gritou ela. O meu xaile, o meu chale!

Procure-me aí o meu xaile. Aposto que não lhe fizeram bem o curativo…

Positivamente não lho fizeram! Se não lhe acudo! Que diz ele? Chora?

Pobrezinho! Adormeceu? Onde é a ferida? Maldita seja eu! maldita seja eu!

Com uma exaltação delirante procurava abrir as gavetas, derrubava os moveis, arremessava as roupas, falando, gesticulando, e às vezes cantando.

- Meu Deus, faz-se tarde! Que ando eu a procurar? Que horas são? Ele falou no meu nome?

Veio tomar-me o braço:

- Vamos.

- Onde?

- Vê-lo. Quero vê-lo. Quero! não me diga que não. Quero pedir-lhe perdão, ama-lo, servi-lo, ser a sua criada, a sua enfermeira…

Parou, e desprendendo-se do meu braço:

- E a outra? Não a quero ver lá! Ela está lá? Não quero que ela o trate. Mato-a, se a vejo. A outra, não, não, não! Não a deixe chegar ao pé dele. Peço-lhe a si. Não, não a deixe chegar. Eu só, só eu basto.

Subitamente cerrou os olhos, estremeceu, deu um grande suspiro, e caiu no chão imóvel.

Levantei-a, deitei-a no sofá, borrifei-a de água; e ela com uma voz expirante:

- Eu morro! eu morro… chame um padre. Não lhe tinha dito…

Envenenei-me.

- Envenenou-se? gritei aterrado.

- Naquele frasco, ali!





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