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Capítulo 23: CAPÍTULO XI

Página 132

- Bem sei. Vem buscar-me. Fui eu que o matei. Está aí a polícia, não?

Estou pronta. É pôr um xaile.

- Ninguém o sabe, disse-lhe eu baixo, e, sem saber por quê, comovido.

- Que me importa? Não o oculto. Matei o meu amante. Fui eu. Ah! pois quê? nós outras damos a nossa vida, a nossa alma, entregamos todo o nosso ser, pomos nisto toda a nossa existência, a nossa honra, a nossa salvação na outra vida, e lá porque vem outra que tem os cabelos mais loiros ou a cinta mais fina, adeus tu, para sempre! olá criatura! desprezo-te, tu foste para mim o momento, o capricho, a futilidade. Ah! sim? Então que morra. Que quer mais? Vá buscar os policemen.

Eu disse-lhe então, em voz baixa:

- Fui encontra-lo banhado em sangue.

Ela olhou-me desvairadamente um momento, e de repente, arremessando-se sobre o sofá, abraçou-se ao crucifixo e com um delírio de soluços:

- Ah, meu Deus, perdoai-me! Perdoai-me, Jesus! Perdoai-me! Fui eu que o matei! Estou doida decerto. Pobre Ritmel! Ritmel da minha alma! Não o torno a ver, não lhe torno a falar! Acabou-se para sempre!… Jesus, o que eu sinto na cabeça!… Em Calcutá adorou-me, aquele homem. Ajoelhava aos meus pés, eu queria morrer por ele. Diga-me, escute: enterraram-no? Está

muito ferido? Eu não o feri no rosto? não, isso não! Vá depressa. Vá buscar a polícia!… Mas porque me não prendem? Ah meu pobre Ritmel! eu morro, eu morro, eu morro! Daqui a pouco começam a tocar os sinos!..

Ergueu-se com gestos de louca, foi ao espelho, compôs o cabelo com ar desvairado, e de repente voltou a abraçar, apaixonadamente, o crucifixo negro.

- Escute, disse-lhe eu. Ritmel não morreu.

- Não morreu? gritou ela.

De repente, arrojou-se aos meus braços que a ampararam, tomou-me a cabeça entre as mãos, e fitando-me com uma grande angústia:

- Diz-me: não morreu? Está salvo?

- Está, disse eu.

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pág. 132 (Capítulo 23)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 132

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240