O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 4: CAPÍTULO III Pág. 17 / 245

Os degraus estavam desgastados pelos pés, eram ondeados na superfície e esbatidos e arredondados nas saliências primitivamente angulosas. Ao longo da parede, do meu lado, corria uma corda, que servia de corrimão; era de seda e denotava ao tato pouco uso. Respirava-se um ar húmido e impregnado das exalações interiores dos prédios desabitados. Subimos oito ou dez degraus, tomámos à esquerda num patamar, subimos ainda outros degraus e parámos num primeiro andar.

Ninguém tinha proferido uma palavra, e havia o que quer que fosse de lúgubre neste silêncio que nos envolvia como uma nuvem de tristeza.

Ouvi então a nossa carruagem que se afastava, e senti uma supressão, uma espécie de sobressalto pueril.

Em seguida rangeu uma fechadura e transpusemos o limiar de uma porta, que foi outra vez fechada à chave depois de havermos entrado.

- Podem tirar os lenços, disse-me um dos nossos companheiros.

Descobri os olhos. Era noite.

Um dos mascarados raspou um fosforo, acendeu cinco velas numa serpentina de bronze, pegou na serpentina, aproximou-se de um móvel que estava coberto com uma manta de viagem, e levantou a manta.

Não pude conter a comoção que senti, e soltei um grito de horror.

O que eu tinha diante de mim era o cadáver de um homem.





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