Era a minha entrada na expiação.
Nestes amores, o castigo não vem só do mundo: eles mesmo contêm os elementos da justiça cruel. O coração é o primeiro castigado pela mesma paixão. A punição da falta contra a honra vem mais tarde pelos juízos dos homens.
Eu estava então diante da maior miséria moral em que se pode encontrar uma mulher nestas condições lamentáveis.
Eu amava Ritmel, Ritmel queria casar.
Que faria, meu Deus? Iria em nome da minha paixão desviar aquela existência de homem, da linha natural, simples, humana, que leva ao casamento, à família, ao dever?
Devia eu impedir que ele casasse? Mas não era isto impedir, abafar a legitima expansão da sua vida? Não era proscreve-lo das fecundas e serenas alegrias da família, para o ter preso nos ásperos, nos estéreis sobressaltos de uma paixão romântica?
Tinha eu o direito de sequestrar aquele homem para uso exclusivo do meu coração, encarcera-lo dentro de uma ligação ilegítima e secreta, onde ele se esterilizaria, onde os seus talentos e as suas qualidades se enferrujariam como armas inúteis, e toda a sua ação social se limitaria a seguir o frou-frou dos meus vestidos? Não dava isto ao meu sentimento um aspeto de egoísmo animal? Não tirava isto ao meu amor a melhor qualidade: a virtude do sacrifício?
Poderia eu priva-lo de ter um