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Capítulo 37: CAPÍTULO IV

Página 206
dia os filhos, que fossem a continuação do seu ser e a sua imortalidade? Podia eu priva-lo em nome do meu ideal de ter na velhice aquela doce e branca companheira, sob cujo olhar pacifico, o homem justo espera, sossegado, o nobre momento da morte?

E era só isto?… Pode um espirito sincero acreditar na duração destes amores exaltados, feitos de sensibilidades e de martírios, que não têm o dever por base, e têm a traição por origem? E por dois ou três anos mais que esta aventura continuaria, tinha eu o direito de ir quebrar o destino da outra, dela, pobre rapariga, que o amava, que edificava a sua vida sobre o coração dele, que se preparava para ser no lar, e para sempre, a presença da graça e a consciência viva? Não: isto não podia ser.

Mas por outro lado, era justo que eu, tendo sacrificado por ele tudo, desde o pudor íntimo até à honra social, fosse agora arremessada como uma luva velha?

Eu que tinha sido tudo quando se tratava da sua imaginação, não seria nada agora porque se tratava do seu interesse? Não me exilara eu por ele, do paraíso domestico? Por ele não renunciara as alegrias pacíficas da vida, e a sublime esperança de uma morte digna? Como eu tinha sacrificado por ele a honra de um homem, não podia ele sacrificar por mim as esperanças romanescas de uma criança? Era justo ter-me trazido enganada, envolvida, como num arminho, nas aparências do amor, ter-me conduzido com os olhos vendados, atraída, suspensa do ritmo dos seus passos, a um lugar perigoso, a uma situação intolerável, e chegando aí dizer-me: «Adeus agora! eu vou para a felicidade. Tu fica; mas cuidado, que para traz não podes voltar; e se deres um passo para diante, vais abismar-te na infâmia!».

Não, isto não deve ser: o amor não é uma criação literária, é um fato da natureza: como tal produz direitos, origina deveres.

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pág. 206 (Capítulo 37)

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Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 206

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240