O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 42: CAPÍTULO IX Pág. 229 / 245

Ritmel!

- Saiu, senhora condessa.

- Jacques?

- Foi com ele, senhora condessa.

Jacques era um criado antigo de Ritmel.

- Luís, leva-me ao quarto de Mr. Ritmel.

Ao abrir a porta do quarto estremeci. Sentia-me humilhada. Fui rapidamente a uma secretária, revolvi as gavetas, as pequenas papeleiras. Nenhumas cartas, apenas cartas indiferentes. Irritada, abri as comodas, espalhei as roupas, procurei nos baús, nas malas, nos bolsos, ergui o travesseiro. Tremia, arquejava. Era uma busca inquisitorial, frenética, desesperada, infame!

- Luís, disse eu baixo, Luís, tens vinte libras. Tens cinquenta.

- Mas, minha senhora…

- Este senhor onde tem as suas cartas? Tens cem libras. Dou-te tudo, estupido… Onde tem ele as cartas, ele?

- Oh minha senhora! disse o criado, com uma voz lamentável, eu não sei.

- Não tens visto? Não tem uma secretária, uma papeleira, uma carteira?…

- Tem. Tem uma carteira de marroquim. Trá-la consigo. Anda cheia de cartas…Levou-a decerto. Nunca a deixa.

Saí, desci a escada, correndo, fugindo daquele desastre, daquela vergonha, daquelas confidências. Atirei-me para o fundo da carruagem.

- A casa! gritei.

Tinha fechado os stores; soluçava, sem soluçar[2].

- Bety! Bety! clamei logo no corredor.

Ela apareceu, correndo.

- Bety, disse eu, vivamente, fechando a porta do quarto. Diz-me: aquela água com ópio não faz mal?

- Porquê? sente-se doente?

- Não. Estou bem. Não faz mal?

- Nenhum.

- Juras?

- Juro. Mas…

- Jura sobre estes santos Evangelhos.

- Oh, senhora! Mas porquê? Juro. Mas porquê?

- Tens ópio? Dá-mo.

- Quer dormir?

- Não.

Ela então olhou-me, fez-se extremamente pálida:

- Mas, senhora condessa, que quer isto dizer?

- Dá-mo. Dá-mo, Bety.





Os capítulos deste livro