Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 42: CAPÍTULO IX

Página 228

Deitei-me. O meu pobre cérebro estava numa vibração tempestuosa; era como numa tormenta em que veem à superfície da mesma vaga os destroços de um naufrágio e as flores da alga; no meu espirito revolto, surgiam no mesmo redemoinho, as coisas graves, e as recordações fúteis, as minhas dores e as minhas fantasias, os desastres do meu amor, e ditos de óperas cómicas! Sentia a chegada da febre. Chamei Bety.

- Bety! não posso dormir, não sei que tenho. Quero dormir por força. Quero amanhã todas as minhas faculdades em equilíbrio. Se não durmo estou perdida, endoideço… Dá-me alguma coisa.

- Mas o quê, minha senhora?

- Olha, dá-me aquela bebida que davam à mamã nas insónias, a que tu tomas quando tens dores… Tens?

- Quer ópio?

- Não sei! água opiada, vinho opiado, o quer que seja. Foi o doutor que me disse…

- Minha querida menina, eu tenho ópio. Uma gota, num copo de água. Eu sei? Talvez lhe faça mal!

- Dá-ma, o doutor disse-mo ontem. Dá, depressa.

Bebi. Era água opiada, creio eu. Não sei. Parece-me que adormeci logo, e lembro-me que durante o sono sentia-me encaminhar incessantemente, num movimento perpétuo que afetava todas as formas; ora lento e pacífico, como um passeio sob uma alameda; ora rápido, volteado, e era a valsa de Gounod que eu dançava; ora solene e melancólico, e era um enterro que eu acompanhava; ora cortante, escorregadio, veloz, e era em Paris, e era no inverno, e eu patinava sobre a neve.

Acordei de manhã, serena, e decidida. Mandei pôr um coupé. Saí. Fiz parar à porta do meu primo. Eram duas horas da tarde. Eu sabia, desde essa manhã, que Ritmel estava com ele em Belas. Subi. Apareceu um criado português, Luís, que eu conhecia, um imbecil, atrevido para o ganho, discreto pelo medo.

- Mr.

<< Página Anterior

pág. 228 (Capítulo 42)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 228

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240