O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 6: CAPÍTULO V Pág. 28 / 245

Ergui-me de salto. Aquele homem, se não era o assassino, conhecia profundamente todos os segredos do crime.

- Sabe tudo, disse eu ao mascarado.

- Foi ele, confirmou o mascarado convencido.

Eu tomei-o então de parte, e com uma franqueza simples:

- A comédia acabou, meu amigo, tire a sua mascara, apertemo-nos a mão, dêmos parte à polícia. A pessoa que o meu amigo receava descobrir, não tem decerto que ver neste negócio.

- Decerto que não. Este homem é o assassino.

E voltando-se para ele com um olhar terrível, que flamejava debaixo da mascara:

- E porque o matou?

- Matei-o… respondeu o homem.

- Matou-o, disse o mascarado com uma lentidão de voz que me aterrou, para lhe roubar 2.300 libras em bank-notes, que aquele homem tinha no bolso, dentro de uma bilheteira em que estavam monogramadas duas letras de prata, que eram as iniciais do seu nome.

- Eu!… para o roubar! Que infâmia! Mente! Eu não conheço esse homem, nunca o vi, não o matei!

- Que malditas contradições! gritou o mascarado exaltado.

A.M.C. objetou lentamente:

- O senhor que está mascarado… este homem não era seu amigo, o único amigo que ele conhecia em Lisboa?

- Como sabe? gritou repentinamente o mascarado, tomando-lhe o braço.

Fale, diga.

- Por motivos que devo ocultar, continuou o homem, sabia que este sujeito, que é estrangeiro, que não tem relações em Lisboa, que chegou há poucas semanas, vinha a esta casa…

- É verdade, atalhou o mascarado.

- Que se encontrava aqui com alguém…

- É verdade, disse o mascarado.

Eu, pasmado, olhava para ambos, sentia a lucidez das ideias perturbada, via aparecer uma nova causa imprevista, temerosa e inexplicável.

- Além disso, continuou o homem desconhecido, há de saber também que um grande segredo ocupava a vida deste infeliz…

- É verdade, é verdade, dizia o mascarado absorto.





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